On ne bâtit rien sur la pierre, tout sur le sable, mais notre devoir est de bâtir comme si le sable était pierre. JORGE LUIS BORGES 1 Organizar uma antologia de literatura estrangeira seria uma das formas mais criativas de tradução, pela releitura de contos inéditos em francês apresentados sob um ângulo diferente, compondo novo livro, atualizado ou ressignificado pela tradução? Na coletânea Vibrations Brasil, publicada pela editora Passage(s) em 2015, minha intenção foi juntar doze contos e crônicas inéditos na França de escritores brasileiros, alguns já canônicos-desde Machado de Assis, João do Rio e Lima Barreto, passando por Autran Dourado, José J. Veiga e João Antônio, até escritores contemporâneos representativos de diversos universos, como Milton Hatoum, Nei Lopes, Ronaldo Correia de Brito, Alberto Mussa, Paulo Lins e Beatriz Bracher. O motivo da vibração, ou seja, da música como expressão e linguagem, é o fio de Ariadne do livro. O volume traz uma apresentação sobre a concepção do livro que escrevi, La musique avant toute chose [A música antes de tudo] e um posfácio da professora Fernanda Coutinho, da Universidade Federal do Ceará, "Et la littérature tomba amoureuse de la musique" [E a literatura do