INTRODUÇÃOD urante as duas últimas décadas o Brasil experimentou um crescimento constante da participação feminina na força de trabalho, um aumento expressivo da contribuição financeira das esposas em casamentos heterossexuais e uma queda significativa da desigualdade de renda. Neste artigo argumentamos que as três tendências estão interligadas, tendo em vista que o crescimento da participação feminina se deu principalmente pela entrada das mulheres casadas no mercado de trabalho, o que por sua vez contribuiu para a diminuição da desigualdade de renda. Entre 1992 e 2014 o percentual de mulheres solteiras com rendimentos do trabalho maior do que zero praticamente não mudou, ficando em torno de 65%. Em contraste, as mulheres casadas aumentaram sua participação de 38% em 1992 para 56% em 2014. Os dados indicam que mudanças importantes estão ocorrendo nas finanças dos casais no Brasil, na medida em que as esposas estão contribuindo cada vez mais com rendimentos próprios. Nesse mesmo período a desigualdade de renda entre as famílias diminuiu cerca de 30%. Nossas análises neste artigo sugerem que o impacto da participação feminina no mercado de trabalho nas tendências da desigualdade de renda no Brasil está diretamente relacionado às mudanças nos padrões de casamento que vêm ocorrendo ao longo das décadas.Mudanças similares nas finanças dos casais, que também ocorreram em diversos outros países, levaram algumas sociólogas norte-americahttp://dx.
Percentual de Mulheres (25 a 55 anos) com Renda do Trabalho Maior que Zero, por Situação ConjugalFonte: Elaboração própria com dados das PNADs 1992-2014.