O papel da arte na produção de conhecimento vem sendo crescentemente reconhecido, e as fronteiras entre arte e pesquisa, ou entre arte e ciência, vêm experimentando certo borramento. O mesmo se dá com as fronteiras entre arte e moda, dois campos que por vezes têm passado a compartilhar o mesmo estatuto ou papel social. O artigo explora conhecimentos produzidos por pessoas trans por meio da arte, destacando questões acerca do papel da moda na construção de corporalidades, em busca de passabilidade cis e proteção em face da violência cisnormativa. São examinadas produções ao mesmo tempo artísticas e de pesquisa de duas artistas travestis brasileiras: Maria Lucas, autora do ensaio de autoficção Próteses de Proteção, e Renata Carvalho, de quem discutimos o monólogo teatral intitulado Manifesto Transpofágico. Acreditamos que este trabalho pode trazer contribuições para uma leitura crítica sobre o papel moda na busca por passabilidade como imposição cisnormativa, em face da violência social a que pessoas trans e travestis estão sujeitas.