2023
DOI: 10.1590/2237-101x02405310
|View full text |Cite
|
Sign up to set email alerts
|

Ninguém faz a guerra sozinho. O trabalho da memória nos encontros de ex-combatentes portugueses da guerra colonial/de libertação em Angola

Maria José Lobo Antunes

Abstract: RESUMO Este artigo examina o trabalho coletivo de construção de memória nos encontros de veteranos da guerra colonial/de libertação de Angola. Partindo de observação etnográfica de reuniões anuais de uma companhia portuguesa de artilharia que combateu no país entre 1971 e 1973 e de entrevistas em profundidade com ex-combatentes, o artigo propõe um olhar etnográfico sobre a revisitação contemporânea de um passado ainda sob escrutínio. Analisam-se os encontros anuais de veteranos enquanto espaços de negociação e… Show more

Help me understand this report

Search citation statements

Order By: Relevance

Paper Sections

Select...
1

Citation Types

0
0
0
1

Year Published

2023
2023
2023
2023

Publication Types

Select...
1

Relationship

0
1

Authors

Journals

citations
Cited by 1 publication
(1 citation statement)
references
References 10 publications
0
0
0
1
Order By: Relevance
“…Este filme é um retrato intimista de muitos ex-combatentes que partilham as suas vidas com problemas de saúde mental, raramente falado e verbalizado, no espaço de uma cidadania e de uma atenção social sobre a questão dos transtornos/desordens/distúrbios de stress pós-traumático. Como observa Bruno Sena Martins (2015) no seu trabalho em torno das deficiências trazidas da guerra do ultramar: a guerra impõe com particular prevalência nos combatentes o surgimento deferido de memórias disruptivas, próximas daquilo que a nosologia paulatinamente veio a reconhecer como "Transtornos/Desordens/Distúrbios de Stress Pós-Traumático" (DSPT Cardina, 2020;Cardina & Martins, 2019;Martins, 2015;Quintais, 2000), assim como o trabalho etnográfico de Maria José Lobo Antunes (2015), são alguns dos mais recentes compromissos com as memórias socialmente ocultadas e construídas como ausentes da narrativa contemporânea e pós-colonial portuguesa. Com rigor, Sena Martins (2015), partindo das narrativas de vida daqueles que estiveram internados no Hospital das Forças Armadas, demonstra como as lutas coletivas destes ex-combatentes tratados como marginais, ruínas humanas, o "depósito de indisponíveis" (p. 108), conseguiram criar a Associação dos Deficientes das Forças Armadas, a 14 de maio de 1974.…”
Section: Introductionunclassified
“…Este filme é um retrato intimista de muitos ex-combatentes que partilham as suas vidas com problemas de saúde mental, raramente falado e verbalizado, no espaço de uma cidadania e de uma atenção social sobre a questão dos transtornos/desordens/distúrbios de stress pós-traumático. Como observa Bruno Sena Martins (2015) no seu trabalho em torno das deficiências trazidas da guerra do ultramar: a guerra impõe com particular prevalência nos combatentes o surgimento deferido de memórias disruptivas, próximas daquilo que a nosologia paulatinamente veio a reconhecer como "Transtornos/Desordens/Distúrbios de Stress Pós-Traumático" (DSPT Cardina, 2020;Cardina & Martins, 2019;Martins, 2015;Quintais, 2000), assim como o trabalho etnográfico de Maria José Lobo Antunes (2015), são alguns dos mais recentes compromissos com as memórias socialmente ocultadas e construídas como ausentes da narrativa contemporânea e pós-colonial portuguesa. Com rigor, Sena Martins (2015), partindo das narrativas de vida daqueles que estiveram internados no Hospital das Forças Armadas, demonstra como as lutas coletivas destes ex-combatentes tratados como marginais, ruínas humanas, o "depósito de indisponíveis" (p. 108), conseguiram criar a Associação dos Deficientes das Forças Armadas, a 14 de maio de 1974.…”
Section: Introductionunclassified