Hábitos de luta: freiras, contestação e ditadura no Brasil

Abstract

RESUMO Este artigo1 analisa o envolvimento de religiosas em movimentos de oposição ou resistência à ditadura brasileira. A presente reflexão é impulsionada pela constatação de que os trabalhos que se referem às relações entre Igreja e ditadura tratam majoritariamente das ações de padres e bispos, delegando às religiosas um papel secundário e raramente detalhado. Para tanto, nos dedicamos especificamente à observação da forma como tal participação foi retratada por jornais impressos de grande circulação no período em questão. Priorizando reportagens publicadas nos anos 1967 e 1968, nosso intuito é problematizar a participação efetiva de religiosas em passeatas e manifestações, assim como o espaço dessa participação na historiografia contemporânea. Este artigo ampara-se nas discussões de Jacques Semelin sobre a noção de resistência e na categoria de gênero.

Educação “À La Russe”:

“…O levantamento e a catalogação das referidas reportagens e artigos aconteceram vinculados à pesquisa de doutoramento que culminou com a publicação do livro Do hábito à resistência: freiras em tempos de ditadura militar no Brasil(CUBAS, 2018). A estas, foram acrescidas fontes investigadas no escopo das pesquisas Maurina Borges da Silveira e o conceito de resistência: um exercício biográfico(2015)(2016)(2017)(2018)(2019)(2020) e As madres bas-bleu: religião, política e moral na ditadura e redemocratização em perspectiva transnacional(Brasil, 1959(Brasil, -1988 (em vigência), desenvolvidas junto ao Laboratório de Estudos da Contemporaneidade na Universidade do Estado de Santa Catarina (LEC/UDESC).…”