Este artigo busca imergir por entre as expressões poéticas publicadas no jornal carioca A Saudade (1855- 1857 e 1861-1862) sobre sentimentos de desalento, descrença, desencanto e desesperança em relação ao presente e futuro, investigando formas de construção de uma sensibilidade e um perfil literário melancólicos. Assim como estas enunciações estão em relação com um estilo artístico próprio deste contexto histórico, também, é por meio delas que uma experiência particular, do grupo de portugueses emigrados no Rio de Janeiro, de afastamento e saudade é significada e apropriada como forma de identificação e conforto existencial e social. O jornal funciona, nesse sentido, como obra a partir da qual determinadas construções, sentimentais e artísticas, ganham visibilidade. Periódico do Grêmio Literário Português, este órgão é enunciado enquanto representante da associação e vincula projetos sob o signo da literatura e instrução, funcionando como meio de construção de uma ethos sensível do português emigrado em meio aos embates sociais da sociedade brasileira oitocentista.