2011
DOI: 10.1590/2237-101x012022014
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"Entre muros": os loucos contam o hospício

Abstract: Nos trechos que compõe a epígrafe com que inicio este artigo, 3 um homem e uma mulher que foram internados em períodos distintos e viveram curtos ou longos períodos dentre os muros, reais e imaginários, 4 de uma instituição psiquiátrica -os conhecidos manicômios ou hospícios -"contam" sobre tais lugares, ou seja, narram, relatam, referem-se a diferentes aspectos desses lugares e de suas vidas dentro e fora deles. Nesse sentido, considerando algumas das diversas acepções do verbo contar, suas narrativas tanto p… Show more

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“…Em alguma medida, seria possível apreender aspectos das leituras que os sujeitos da loucura teciam de si, ou, pelo menos, como a psiquiatria operou com tais leituras. Wadi vem demarcando bem o quanto as narrativas da internação mostram vivências de outro modo inacessíveis, outras óticas sobre as instituições psiquiátricas e os limites do saber-poder psiquiátrico (WADI, 2011).…”
Section: A Prática Psiquiátrica E O Ponto De Vista Do Paciente Nos Es...unclassified
“…Em alguma medida, seria possível apreender aspectos das leituras que os sujeitos da loucura teciam de si, ou, pelo menos, como a psiquiatria operou com tais leituras. Wadi vem demarcando bem o quanto as narrativas da internação mostram vivências de outro modo inacessíveis, outras óticas sobre as instituições psiquiátricas e os limites do saber-poder psiquiátrico (WADI, 2011).…”
Section: A Prática Psiquiátrica E O Ponto De Vista Do Paciente Nos Es...unclassified
“…A utilização de processos cí-veis e criminais, textos literários ou jornalísticos, livros de registro de internos, prontuários psiquiátricos, uma série de materiais produzidos por pessoas consideradas loucas (desenhos, pinturas, cartas, esculturas, textos epistolares, romances, poesias, narrativas orais...), juntamente com as fontes tradicionais, inquiridas a partir de outros olhares, questões e problemas, vem traduzindo-se em perspectivas analíticas que modificam algumas das interpretações arraigadas no campo da História da Loucura e da Psiquiatria (Wadi, 2011).…”
Section: [] Três Grandes Períodos Relacionados à Construção Dos Mounclassified
“…A partir deste olhar ampliado, pode-se conhecer melhor as populações internadas nos hospícios e manicômios de diferentes lugares, estabelecendo-se seu perfil; entender como e por que algumas instituições, em nome da terapêutica do trabalho, tornaram-se verdadeiras empresas agrícolas; compreender que razões econômicas mais do que controle social podem ter sido os motivadores da retenção maciça de pessoas; reconhecer a capacidade das famílias em influenciar admissões e altas, a partir de sua interlocução com os psiquiatras; bem como perceber a capacidade dos internos como loucos em intervir no cotidiano institucional: negociando diagnósticos, tratamentos e normas, manipulando sua própria condição de doentes mentais, negando-se a participar de determinadas atividades terapêuticas, encontrando razões para entrar e sair das instituições por própria conveniência, entre outras questões (Sacristán, 2009;Wadi, 2011). Do ponto de vista teórico, essa nova historiografia ampliou os horizontes, agregando as contribuições de uma série de autores pertencentes a tradições disciplinares variadas como o historiador britânico Roy Porter, o historiador americano Jan Goldstein, o filósofo da ciência Ian Hacking, a psiquiatra Gladys Swain e o psiquiatra Georges Lautéri-Laura, ou um conjunto ainda mais variado de autores da chamada história-antropológica ou da história cultural, porém mantendo um diálogo ainda profícuo com referentes da historiografia crítica, especialmente com a obra de Michel Foucault (Huertas, 2013).…”
Section: [] Três Grandes Períodos Relacionados à Construção Dos Mounclassified
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“…Esse corpo que se expressa por "gritos-sopros" constrói uma série de experimentos linguísticos "tomadas em síncopes e sobrecarregadas de guturais", passando por um longo processo de consonantização (DELEUZE, 2015, p. 87). Artaud (1983) Essa sonoridade que vibra e atravessa o corpo se manifesta também em uma série de experimentos linguísticos, que a singularizam e permitem um "processo de subjetivação" (WADI, 2011;ZARA, 2014). No caso de Artaud (1983, p. 127), trabalhando com ironias, ele constrói críticas acirradas sobre o papel da medicina psiquiátrica, quando diz: "nada como um manicômio para carinhosamente incubar a morte e para manter os mortos em incubadeiras"; e, da sua problematização das coisas, Artaud testa a vibração das palavras sobre o seu próprio corpo e o de quem o lê, desarticulando o código linguístico para montá-lo novamente ao seu bem querer, como em:…”
Section: Ato IV "Corpo Sem óRgãos"unclassified