O problema da representação política em Maquiavel

Abstract

Este não é mais um livro sobre Maquiavel. Mais um livro tratando da modernidade do escritor florentino e das "grandes inovações" do seu pensamento, como a separação entre ética e política. Mais um livro sobre o Maquiavel fundador da ciência política moderna, da Razão de Estado, da abordagem sociológica da religião. Mais um livro que lida com a obra maquiaveliana na chave das oposições binárias: pensador republicano ou conselheiro de príncipes, homem de letras ou secretário da Repú-blica. Mais um livro a apontar a contribuição intelectual do autor à "grande cadeia do ser": ruptura com o pensamento escolástico, com o humanismo cívico e retórico, com as doutrinas morais cristãs ou com a filosofia política clássica como um todo.Maquiavel: política e retórica, originalmente uma tese de doutoramento em Filosofia, é um estudo que exige do leitor -ao menos do leitor não-familiarizado com as pesquisas mais recentes sobre Maquiavel -, uma disponibilidade toda especial. É preciso abandonar as visões pré-formadas, os lugares-comuns enraizados nos manuais de ciência política, renunciar à sombra do maquiavelismo, para compreender os caminhos da hermenêutica de Helton Adverse, as sutilezas de sua argumentação, a recusa de atalhos, posições apressadas ou soluções simples. Um livro complexo sobre uma obra complexa, que faz jus a Maquiavel ao não reduzir a interpretação de seus textos a meros axiomas. Ao mesmo tempo, trata-se de um livro marcado pela aporia resultante do tratamento da política e da retórica como metacódigos descolados da ética.O ponto de partida de Adverse, professor de Filosofia da UFMG, não é exatamente inovador: trata-se, antes de tudo, de trazer a retórica (de volta) ao centro da filosofia política. Eclipsada na modernidade iluminista, deslegitimada como arte do engodo, da persuasão a qualquer preço, tida como principal inimiga do racionalismo científico a que a análise política deveria se submeter, a retó-rica retorna ao palco principal da filosofia em meados do século XX, na esteira da chamada "virada linguística". Um dos resultados visíveis dessa tendência é o crescimento contínuo, nos meios acadêmicos, do interesse pela produção letrada pré-moderna, especialmente do Renascimento, que tem se revelado um campo riquíssimo para filó-sofos e historiadores. Nas últimas três décadas os estudos maquiavelianos não estiveram indiferentes a essa orientação.Que significa tomar como objeto de pesquisa a retórica em Maquiavel? Uma primeira possibilidade diz respeito à análise dos escritos do secretário florentino à luz das convenções, preceitos, medidas dispositivas e elocutivas presentes em tratados antigos ou humanistas de arte retórica. Isso vem sendo feito com alguma sistematicidade por poucos, porém importantes, autores, como Victoria Kahn, Virginia Cox, Maurizio Viroli e Eugene Garver. O segundo caminho envolve o exame das implicações profundas, e, por que não dizer, radicais, da presença maciça desses códigos nos escritos de Maquiavel, ou seja, a retórica como aspecto incontornável de sua produção discursiva, co...

O Repensar Sobre as Dificuldades E Inquietudes Existentes Na Educação Especial

“…O resultado direcionou-lhes a uma maior segurança em se trabalhar com esses tipos de alunos, ficando como sugestão o estudo e a pesquisa dentro da teoria psicológi-ca do comportamento de Skinner, que segundo Coutinho e Moreira (2004, p. 26), "Para os behavioristas, o objeto de estudo da Psicologia é o comportamento ou as reações observáveis de um organismo pelas respostas a estímulos do meio ambiente, também observáveis", o que vem a coincidir com Teixeira (2014), que mostra, em seu trabalho, as técnicas comportamentais de Skinner como um dos meios de lidarmos com as crianças com TEA ou TDO. Para Teixeira (2014) as técnicas comportamentais de Skinner foram repetidas, experimentadas e utilizadas até hoje com muito sucesso em todo o mundo.…”

Efeitos da educação postural como conteúdo da educação física nos hábitos posturais de escolares

“…Desse modo, o estudo tem objetivo exploratório e descritivo, os quais buscam conhecer e descrever as características de um determinado problema e estabelecer comparações entre variáveis (GIL, 2008). Quanto à abordagem, refere-se a uma pesquisa quantitativa, uma vez que possibilitará expressar a relação entre o modelo teórico e os dados coletados na realidade pesquisada (TEIXEIRA, 2010).…”

Há crianças portuguesas que só falam “brasileiro”: a ideologia linguística da norma na imprensa portuguesa

“…Ao observarmos a publicação do texto "Há crianças que só falam 'brasileiro'" como um acontecimento discursivo, reconhecemos pelas continuidades e descontinuidades históricas (Foucault, 2008) que o embate entre as variedades brasileira e europeia do português, que data desde o período colonial, segue emergindo em determinadas condições de produção, e não se restringe ao campo do saber linguístico. Essa questão foi reconhecida, em maior ou menor grau, em vários trabalhos acadêmicos que trataram das relações de identidade e diferenças do português falado no Brasil e do português falado em Portugal, como é o caso das publicações de Serafim da Silva Neto (1950, 1960, Silvio Elia (1961, 1994, Antonio Houaiss (1985, Rosa Virgínia Mattos e Silva ( 2002Silva ( , 2011, Dante Lucchesi (2015), Dante Lucchesi, Alan Baxter e Ilza Ribeiro (2009), Marcos Bagno (2001), Antony Julius Naro e Maria Marta Pereira Scherre (2007), Carlos Alberto Faraco (2016), Ataliba de Castilho (2010). Mesmo com um consistente respaldo científico que aborda as particularidades de uma e outra variedade, são outros sujeitos convocados pelo texto para tratarem do tema: mães, pais, educadores e linguistas ocupam igualmente um lugar de autoridade para dizerem sobre a fala das crianças portuguesas.…”