Mesmo que, no imaginário do Paraná, persista a ideia de que sua formação é resultado da imigração europeia, sabemos que ele não fugiu à regra do Brasil: seu desenvolvimento teve relevante participação de escravizados africanos e seus descendentes. A História do Paraná, que é a história daqueles que construíram esse Estado, invisibilizou a contribuição dos negros e, por consequência, as relações sociais entre senhores e escravizados. Foi muito importante a utilização de documentos jurídicos, em nossa pesquisa – principalmente o processo-crime – para entender como se davam essas relações. Fundamentados em Michel de Certeau quando fala sobre organização de espaço e delimitação de um campo, campo esse simbólico, construído pelos escravizados ao ocuparem lugares, desempenhando papéis, tornando-os sujeitos sociais, nosso intuito é enfatizar as relações sociais, muitas vezes conflitantes, entre escravizados e escravizadores no Paraná, nos Campos Gerais do século XIX, bem como o significado da região nesse contexto.