Caminhos e descaminhos da macrometrópole paulista: dinâmica econômica, condicionantes externos e perspectivas

Abstract

Resumo O presente artigo aborda aspectos econômicos relevantes do aglomerado urbano que constitui a Macrometrópole Paulista (MMP). Primeiramente, identificamos as principais dinâmicas associadas à globalização e as suas manifestações em São Paulo. Em seguida, discutimos o acidentado percurso do desenvolvimento brasileiro nas últimas décadas, com ênfase nas pressões que pesam sobre a indústria nacional, o que significa caracterizar o contexto mais geral no qual a MMP está inscrita. Posteriormente, situamos a MMP na trajetória recente da economia brasileira e analisamos o seu desempenho industrial com os decorrentes impactos territoriais. Concluímos avaliando a economia paulista em face dos desafios contemporâneos, salientando o papel do Estado nacional na implementação de políticas regionais capazes de estimular um desenvolvimento mais equilibrado no conjunto do território do País.

Dinâmica territorial da indústria de transformação na Macrometrópole Paulista (2003-2016)

“…Configura-se, assim, como uma das mais importantes aglomerações produtivas do País. Porém, a tendência geral do período é de retração da participação da indústria na estrutura produtiva: 5,4 pontos percentuais para o Brasil e 7,4 pontos percentuais para a MMP (Abdal et al, 2019). Além disso, os serviços tiveram redução na participação de 9 p.p.…”

“…A década 1990, por sua vez, caracterizou--se -como destacam Abdal et al (2019) -por reformas liberalizantes, implementadas nas presidências de Fernando Collor e de Fernando Henrique Cardoso. Tais reformas impactaram a indústria severamente, pois fragilizaram os seus pilares de proteção, por meio da redução das barreiras não tarifárias e do imposto de importação, além de privatizarem estatais relevantes nas áreas da petroquímica e siderurgia, segmentos que concentravam mais de 90% da presença do Estado como produtor direto (Bielschowsky, 1998) e também das estatais que ofertavam serviços de utilidade pública (transporte coletivo, energia elétrica, gás e telefone).…”

Metropolitan governance in the context of dynamic urbanization: the case of Brazil

“…The stepwise move of industrial activities to the hinterlands located beyond the metropolitan limits and the construction of major transportation-and logistics-oriented road axes in the 1960s and 1970s were a consequence of this process (Lencioni, 1998(Lencioni, , 2005. The subsequent consolidation of the capital city as a global center for financial and corporate services followed in the 1990s (Abdal et al, 2019). The gradual displacement of industrial activities beyond the limits of the metropolis, establishing production centers along the highways and near the large inland cities, located within a radius of ∼150-200 km away from the city of São Paulo coincides even today with the limits of the so-called São Paulo Macrometropolis (SPMM) (Tavares, 2020).…”

Território E Indústria No Brasil: Revisitando O Passado Recente, Mirando O Futuro – Conclusões E Apontamentos Para Políticas Regionais

“…A aglomeração industrial relevante (AIR) de São Paulo, como vimos, nas últimas duas décadas, chegou a sofrer redução absoluta do nível de empregos industriais. Uma extensa literatura especializada vem apontando para a existência de uma profunda transformação estrutural que implicou redução das atividades industriais e aumento das chamadas atividades terciárias modernas e, mais importante, a consolidação da metrópole como centro decisório e de controle do capital financeiro e produtivo nacional (Diniz e Campolina, 2007;Abdal et al, 2019;Proença e Santos Junior, 2019).…”