BAKHTIN, Mikhail. Os gêneros do discurso. Paulo Bezerra (Organização, Tradução, Posfácio e Notas); Notas da edição russa: Seguei Botcharov. São Paulo: Editora 34, 2016. 164p.

Aquisição da Linguagem na perspectiva dialógico-discursiva: um olhar para os dados de duas crianças (Language acquisition in the dialogical-discursive perspective: analysing the data of two children )

“…Colocar a língua em funcionamento independe, portanto, do idioma utilizado. É por meio de atos concretos, irrepetíveis, em determinado tempo e espaço, praticados por sujeitos concretamente definidos, que os sujeitos se comunicam (BAKHTIN, 2016;VOLÓCHINOV, 2018).…”

“…Os sujeitos inseridos na cultura surda, que fazem uso da língua de sinais como primeira língua, se organizam a partir dela. De acordo com Bakhtin (2016), o homem, ao utilizar a língua de sua comunidade, faz uso apenas dos elementos linguísticos situados sócio, econômica e historicamente. A cultura (nesse caso, a surda), portanto, influencia na produção dos enunciados de Florence: "como a existência real (a base) determina o signo, como o signo reflete e refrata a existência em formação" (VOLÓCHINOV, 2018, p. 106).…”

“…(BUBNOVA, 2013, p. 15) Ao enunciar, o sujeito enuncia o seu projeto de dizer a partir dessa relação com o seu interlocutor e também com os outros discursos. Esse é o princípio básico para a existência da linguagem, de acordo com Bakhtin (2016) e Volóchinov (2018), que é dialógica por excelência.…”

“…E ainda que queiramos apenas enxergar, nesses dados, aspectos linguísticos propriamente ditos, como adjetivo, verbo, substantivo etc., não podemos nos esquecer que a língua é viva e que sempre implica um outro; e que um enunciado proferido sempre é dirigido para alguém e está sempre em relação a outros enunciados. Como afirma Bakhtin (2016), nenhum enunciado é o do "Adão mítico", ou seja, nossos discursos sempre respondem a outros discursos.…”

Artigo de opinião em livros didáticos do Ensino Fundamental: mudanças e permanências

“…Para esta discussão, parte-se da centralidade da linguagem sob a perspectiva bakhtiniana de texto como acontecimento (BAKHTIN, 2011), enunciado concreto (VOLÓCHINOV, 2017(VOLÓCHINOV, [1929) e gêneros do discurso (BAKHTIN, 2016). A esses conceitos somam-se outros, sobretudo aqueles que ajudam a significar o estudo da argumentação em um contexto de ensino-aprendizagem, como o conceito de argumentação biface (PLANTIN, 2008a) e modelo dialogal (PLANTIN, 2008b), o modo de organização argumentativo de Charaudeau (2016), e argumentação do ponto de vista linguístico em Cabral (2020), Koch e Elias (2018), e Koch (2011;.…”