Censo Brasileiro de Diálise 2021

Abstract

RESUMO Introdução: O Censo Brasileiro de Diálise (CBD) constitui importante fonte de dados nacionais sobre pessoas em diálise crônica que contribui para a formulação de políticas de saúde. Objetivo: Relatar dados epidemiológicos de 2021 do CBD da Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN). Métodos: Realizou-se pesquisa em centros brasileiros de diálise crônica utilizando questionário online abrangendo aspectos clínicos e epidemiológicos de pacientes em diálise crônica, dados sobre terapia dialítica, características dos centros de diálise e o impacto da pandemia COVID-19 em 2021. Resultados: Trinta por cento (n = 252) dos centros responderam ao questionário. Em Julho de 2021, o número total estimado de pacientes em diálise foi 148.363. As taxas estimadas de prevalência e incidência de pacientes por milhão da população (pmp) foram 696 e 224, respectivamente. Dos pacientes prevalentes, 94,2% estavam em hemodiálise (HD) (1,8% destes em hemodiafiltração), e 5,8% em diálise peritoneal (DP); 21% estavam na lista de espera para transplante. A taxa de incidência de COVID-19 confirmada entre Janeiro e Julho de 2021 foi 1.236/10.000 pacientes em diálise, e a taxa de letalidade atingiu 25,5%. Até Julho de 2021, 88,6% dos pacientes haviam recebido pelo menos uma dose da vacina anti-SARS-CoV-2. As taxas estimadas de mortalidade bruta anual geral e por COVID-19 foram de 22,3% e 5,3%, respectivamente. Conclusão: O número absoluto e a taxa de prevalência de pacientes em diálise crônica continuam aumentando. A maioria dos pacientes em diálise foram vacinados contra COVID-19 durante o ano. A pandemia COVID-19 contribuiu com a taxa de mortalidade geral.

Características sociodemográficas e clínicas de pacientes em terapia hemodialítica

“…Segundo a Sociedade Brasileira de Nefrologia, no Censo de Diálise de 2020, houve predomínio da faixa etária entre 45 e 64 anos, sexo masculino com aproximadamente 58%, e a HAS e a diabetes mellitus (DM) como principais etiologias da doença renal. 7 No entanto, Picolli et al 17 ao analisarem a prevalência da DRC através da taxa de filtração glomerular estimada (TFGE) e níveis de albuminúria em uma população urbana selecionada aleatoriamente no sul do Brasil, verificaram que a maioria da amostra com a DRC era do sexo feminino e que a hipertensão arterial, assim como a diabetes, a idade avançada e a obesidade foram associadas a maior prevalência de DRC. Considerando os acessos vasculares para HD existentes, a maioria dos portadores de DRC que estava em tratamento hemodialítico neste estudo tinha como acesso de diálise a FAV.…”

“…[4][5][6] Segundo o Censo Brasileiro de Diálise de 2020, realizado pela Sociedade Brasileira de Nefrologia (SBN), há uma tendência de crescimento do número de pacientes com DRC em cerca de aproximadamente 3,6%, enquanto a prevalência desta doença está em torno de 2,9%; nesse sentido, observando-se um aumento do número de pacientes em terapia dialítica, sendo a taxa de prevalência de 684 por milhão da população, sugerindo uma maior facilidade de acesso à TRS para pacientes com DRC. 7 Para o tratamento hemodialítico, faz-se necessário um acesso definitivo ou temporário, sendo a Fístula Arteriovenosa (FAV) o preferencial, uma vez que fornece fluxo sanguíneo adequado, meia-vida longa apresentando maior durabilidade e menor índice de infecções e complicações. Apesar das vantagens apresentadas, diversos fatores podem influenciar na sobrevida do acesso vascular em hemodiálise, tais como características inerentes aos pacientes, tipo de terapia dialítica e técnica cirúrgica, além do procedimento de canulação.…”

Mortalidade por doença renal crônica secundária à hipertensão no Brasil: um estudo do “Global Burden of Disease”

“…Além disso, a taxa de mortalidade geral por DRC mostrou importante aumento. 7,8 Devido ao aumento global do número de pacientes com DRC que vêm evoluindo para a DRC terminal e que necessitam do uso de terapia da substituição renal, cria-se o alerta para a implementação de medidas que visam melhorar a conscientização e a realização de diagnósticos precoces e com o intuito de prevenir a evolução para estágios terminais por meio da implementação do manejo e tratamento precoce. 3 Dessa forma, estudos da carga global de doenças permitem identificar e comparar mudanças nos padrões de adoecimento em todo o mundo, bem como compreender variações, condições e fatores de risco negligenciados e os possíveis impactos gerados pela alta carga de doenças em diferentes países, servindo, assim, como uma ferramenta eficaz para auxiliar na formulação de políticas de saúde, na tomada de decisões de profissionais de saúde e pesquisadores e no auxílio na orientação para elaboração de estratégias de prevenção.…”

Diálise peritoneal de início urgente no Brasil: excelentes resultados, pouca aplicação

“…Segundo o último Censo Brasileiro de Diálise, embora 48% dos 252 centros participantes ofereçam a DP como opção para TRS, apenas 5,8% dos pacientes em diálise eram tratados por esta modalidade. Este percentual vem diminuindo ao longo dos anos 8 .…”