Editorial

Abstract

Afloramentos de rochas ferruginosas abrigam ecossistemas peculiares e são dispersos, no Brasil, ao longo de vários dos seus domínios fitogeográficos. Também são conhecidos como campos ferruginosos, campos rupestres sobre canga, savana metalófila, vegetação de canga, ou simplesmente canga. Além de abrigar uma biota altamente especializada e uma infinidade de serviços ecossistêmicos, as cangas estão associadas às principais jazidas de minério de ferro no Brasil, indicando a necessidade de um planejamento estratégico que concilie a conservação e exploração sustentável dos recursos naturais. As cangas da Serra dos Carajás localizam-se imersas na Floresta Amazônica, considerada a grande lacuna de conhecimento florístico do Brasil. A organização da Flora das cangas da Serra dos Carajás visa suprir parte dessa lacuna e também auxiliar o diálogo entre o setor produtivo e órgãos responsáveis pelo licenciamento ambiental na região de Carajás, trazendo informações detalhadas sobre taxonomia, morfologia e distribuição das espécies ocorrentes nas cangas de Carajás. Este número especial da Rodriguésia traz o Volume 1 da Flora das cangas das Serras dos Carajás, Pará, Brasil. Inclui um trabalho introdutório com um breve histórico dos estudos botânicos na região, caracterização da área de estudo, e procedimentos metodológicos adotados no desenvolvimento do projeto. Seguem-se 55 monografias em nível de família, sendo quatro de briófitas, duas de licófitas, oito de samambaias, uma de gimnosperma e 40 de angiospermas, incluindo 139 gêneros e 248 espécies tratadas. As monografias incluem descrições taxonômicas, ilustrações, distribuição geográfica e chaves de identificação para os gêneros e espécies. Esta publicação é um produto da Cooperação Técnico-Científica entre o Museu Paraense Emilio Goeldi (MPEG) e o Instituto Tecnológico Vale (ITVDS), com a interveniência da Fundação de Amparo e Desenvolvimento da Pesquisa (FADESP) (Processo 01205.000250/2014-10). O projeto tem duração de três anos, a partir de 09 de fevereiro de 2015. Além da publicação da flora, inclui um extensivo programa de coletas na área, e estudos mais detalhados com as espécies consideradas especiais como as ameaçadas, endêmicas, raras, invasoras e de importância para recuperação de áreas degradadas. Para esse número especial contamos com a colaboração de 55 autores, oriundos de 22 instituições do Brasil e exterior refletindo o caráter colaborativo idealizado para esta Flora. Para o processo editorial foram convidados os taxonomistas Dr.