Ensino De Ciências Como Controle Do Estado: O Caso Da Alemanha Nazista

Abstract

RESUMO: Neste trabalho, identificamos algumas das principais mudanças educacionais promovidas pelo governo alemão anteriormente à II Guerra Mundial. Tais mudanças objetivaram alterar a cultura existente no país, estabelecendo uma visão de mundo unificada baseada nos princípios nazistas, declarados antes mesmo da chegada do Partido Nacional-Socialista ao poder. A pesquisa realizada é de caráter qualitativo, de cunho histórico, e nela buscamos resgatar, com o apoio da metodologia linguística bakhtiniana, as formas típicas enunciativas expressas em materiais educacionais do período pré-guerra. Como resultado, reconhecemos que a educação científica foi transformada em uma educação para a guerra. Os conteúdos científicos estavam contextualizados em situações de guerra e ideais antissemitas. As modificações curriculares aumentaram a carga de disciplinas de condicionamento físico e a separação entre homens e mulheres. Como evidência, apresentamos exemplos de como a esfera política determinou modos de pensar a ciência e seu ensino, por meio de questões e exercícios didáticos introduzidos em materiais didáticos.

obra literária do químico Primo Levi e o ensino de química

“…Embora, haja pontos em comum, tais como como o nacionalismo exacerbado, o culto à personalidade, a implantação de estudos voltados às práticas militares e uma exclusão feminina disfarçada na impossibilidade de cursar algumas graduações, percebe-se de forma muito mais acentuada a questão racial na Alemanha (Horta, 2009;Lopez et al, 2020). Na Itália de Primo Levi, mesmo as questões raciais que se materializaram na forma de leis em 1938, afetavam particularmente os judeus não italianos e aqueles que ainda iriam ingressar nos sistemas de ensino; para os que já estavam estudando foi permitido a continuidade dos estudos, contudo sem a possibilidade de prorrogação (Macieira, 2021).…”