“…).Porém, não podemos deixar de mencionar que consideramos as transformações sociais, que permitem que pessoas comuns reconheçam como família os mais variados arranjosque podem abarcar desde a tradicional com pai, mãe, filhos e avós, passando pelas famílias monoparentais, com apenas a mãe ou o pai, por famílias homoafetivas, com dois pais ou duas mães, por múltiplas paternidades ou maternidades, por famílias compostas por avós e netos e até laços familiares sem consanguinidade, entre outroscomo tentativas bastante interessantes no sentido de busca de melhores formas de convivência, nas quais a determinação biológica deixa eventualmente de ser central e a diversidade e a criatividade humana podem ser melhor contempladas.Os estudos de Pedrosa & Zanello (2016) eZanello, Fiuza & Costa (2015), sobre gênero e saúde mental, parecem úteis para compreendermos melhor esta questão, demonstrando que as mulheres, diferentemente dos homens, são pressionadas pela família, amigos e sociedade, a casarem e terem filhos. TambémGradvohl (2015) tratou deste tema por meio de pesquisa em que entrevistou individualmente treze casais que decidiram não ter filhos, constatando que esta decisão é socialmente mais difícil para as mulheres, que tendem a ser mais julgadas, pressionadas e cobradas a procriarem.Consideramos altamente interessante, nesse trabalho, o fato das mulheres manifestarem maior preocupação com a velhice sem filhos, por temerem ficarem sós e sem ter quem cuide delas, enquanto os homens apresentaram, frequentemente, a fantasia de que para eles é menos problemático não ter filhos, porque as esposas cuidarão deles na velhice.Estes estudos nos ajudam a compreender o campo "Sofrendo pela solidão" como um imaginário que se apresenta vigente de forma mais incisiva na vida das mulheres.…”