Multiletramento Engajado Para a Prática Do Bem Viver

Abstract

Resumo No atual contexto de necropolítica (MBEMBE, 2016), em que a decisão de viver ou morrer está na mão de alguns, a educação tem um importante papel na constituição de espaços para a criação de possibilidades de futuro. Nessa direção, este artigo expõe as bases teóricas e a práxis do Multiletramento Engajado. Parte da apresentação da demanda por práticas pedagógicas que promovam o “bem viver” e, para isso, discute as bases freirianas e vygotskianas para entender as reformulações e as proposições implementadas na Pedagogia dos Multiletramentos como forma de criação do Multiletramento Engajado. Finaliza com a exemplificação de uma proposta didática realizada no Programa Digitmed e com considerações e caminhos a serem percorridos a partir dessa nova perspectiva na busca de possibilidades de superação da necropolítica por meio do engajamento de todos na compreensão e na transformação das condições de opressão.

Multiletramento Engajado Como Possibilidade Para a Justia Curricular

“…Ao explorar o manifesto da pedagogia dos multiletramentos, do New London Group, Liberali (2022) verifica a aproximação entre a teoria delineada pelo grupo de pesquisadores e…”

“…O multiletramento engajado (ME) proposto por 2022) oferece uma expansão da pedagogia dos multiletramentos, elaborado pelo New London Group (1996;2021), não apenas por evidenciar ainda mais a aproximação da teoria à pedagogia da libertação de Paulo Freire (1987), mas principalmente por sugerir uma praxiologia pedagógica que, a partir das noções socio-histórico-culturais do brincar (VYGOTKSY, 2007) e fundamentada na teoria da atividade sócio-histórico-cultural (TASHC), oferece novas perspectivas à ação educativa, tanto para docentes quanto discentes, permitindo a artesania dos saberes, a desencapsulação do currículo e a busca pela justiça curricular, necessárias ao bem-viver. (1987).…”

“…(1987). Desta forma, essas propostas permitem a ação crítica, reflexiva e interventiva na realidade (BENTO; LIBERALI, 2021), bem como a contextualização de conceitos a partir das demandas e necessidades sócio-histórico-culturais dos estudantes, em um duplo movimento entre conhecimentos cotidianos e científicos, garantindo que a aprendizagem esteja conectada à realidade dos aprendizes (LIBERALI, 2022).…”

“…Essa nova perspectiva -o ME -nasce das pesquisas desenvolvidas pelo Grupo de Estudos Linguagens em Contexto Escolar (Grupo LACE), da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP) (LIBERALI; MAZUCHELLI; MODESTO-SARRA, 2021;BENTO;LIBERALI;, como uma expansão à pedagogia dos multiletramentos proposta pelo New London Group 3 , e relacionando essa abordagem à obra de Paulo Freire, que propõe a educação como meio pelo qual ocorre a libertação. O termo passa a nomear as práticas pedagógicas desenvolvidas pelo Grupo LACE, quando, durante sua participação na Jornada Internacional de Linguística Aplicada Crítica (JILAC), em 2019, em conversa com Ofélia Garcia Liberali se dá conta de que é essa característica -a implicação/engajamento das práticas de multiletramentos adotadas pelo grupo -o traço distintivo de suas ações.…”

“…A sistematização dessa nova perspectiva é, então, formulada por Liberali, em 2020, vindo a ser publicada apenas em 2022, mas as diretrizes dessa nova praxiologia pedagógica já figuram em trabalhos anteriores do grupo (LIBERALI; MAZUCHELLI; MODESTO-SARRA, 2021;BENTO;LIBERALI;. Ao não restringir os multiletramentos aos temas exclusivos dos estudos da linguagem ou aos conhecimentos curriculares/científicos, abarcando diferentes formas de ser, saber, viver e agir, o ME promove a desencapsulação curricular (LIBERALI;2015;BENTO;.…”