Violência Obstétrica e Trauma no Parto: O Relato das Mães

Abstract

Resumo O presente trabalho é parte de pesquisa mais ampla sobre experiências de pais e mães acerca do parto, a partir de um estudo de caso coletivo no qual foram analisados 30 relatos de parto, publicados em blogs pessoais sobre experiências de gestação, parto e parentalidade, dos quais 15 foram escritos por mulheres e 15, por homens. O objetivo deste estudo foi investigar a experiência denominada violência obstétrica no relato de mães. Assim, nele foram analisados os relatos de cinco mulheres, as únicas que fizeram referência a tal fenômeno. Os resultados apontaram para a falta de suporte do ambiente como um fator constitutivo da experiência de violência obstétrica, e para a escrita dos relatos como recurso de elaboração dessa experiência traumática. Concluímos que procedimentos médicos como a episiotomia, a anestesia e a cesariana, quando realizados de forma rotineira, sem compartilhamento de decisões e sem amparo psíquico, constituem formas de ritualização para manter inconsciente a representação sexual do parto. Tais formas de ritualização conduzem à iatrogenia no parto, causando prejuízos psíquicos à saúde materno-infantil.

Violência Obstétrica E Os Seus Principais Impactos Na Saúde Da Mulher: Uma Revisão Narrativa

“…Esses traumas podem desencadear outros problemas que afetam a mãe, como depressão, ataques de pânico, baixa autoestima, angústia e sensações de solidão, raiva e desamparo, como também a relação materno-afetivo, conjugal e social. Dados revelam haver uma maior probabilidade da mãe ter dificuldades para amamentar devido à desconexão com o bebê, a desconfiar no sistema de saúde e a desenvolver tocofobia (medo da gravidez e do parto) quando vítimas de VO, afetando diretamente o desenvolvimento cognitivo, emocional e social da criança (MATOS et al, 2021;PAIZ et al, 2022;LEITE et al, 2022).…”

“…Sob esse prisma, a realização de procedimentos que não se justificam clinicamente e, além disso, sem consentimento da mulher, tais como episiotomia, preconiza a violência física travestida da intervenção orgânica previamente instrumentalizada (MATOS et al, 2021) e acarreta sequelas físicas severas, a saber: " Em casa eu estava toda roxa, com muitos cortes, precisava de ajuda para andar e andava agachada" (RIBEIRO et al, 2020).…”

A presença paterna no momento do parto

“…Um melhor aproveitamento dessa possibilidade pode advir da sensibilidade e apoio da equipe de profissionais de saúde envolvida, para que o devido suporte emocional e segurança sejam transmitidos a ambos durante o parto. 24…”

Violência obstétrica: relatos de experiência vivenciada

“…Foi possível, também, identificar que a denominada violência obstétrica se constitui como experiência traumática de parto, por conta da angústia e ansiedade geradas pelo ambiente. 15 Outros estudos apontam que o isolamento de mulheres em ambientes desconhecidos usados para o parto desperta sentimentos de medo, ansiedade que podem mudar a fisiologia do parto. 16…”