Roberto Simonsen na origem do moderno pensamento social brasileiro

Abstract

ResumoEsta é uma introdução ao pensamento desenvolvimentista de Roberto Simonsen, um de nossos primeiros pensadores modernos dos problemas ligados à industrialização e seus aspectos sociais. Simonsen teve uma participação ativa no primeiro governo Vargas como homem público e industrialista, o que o coloca no centro da construção do populismo.Palavras-chave: Pensamento social; Populismo; Industrialização brasileira. Abstract Roberto Simonsen at the origins of Brazilian modern social thoughtThis essay aims to introduce the developmental ideas of Roberto Simonsen, one of the first modern Brazilian thinkers concerned about the problems of industrialization and its social aspects. Simonsen played a crucial role as a statesman and as an industrialist in the first government of President Getúlio Vargas, therefore being in a central position in the rise of Brazilian populism.

Instituto Roberto Simonsen e Franklin Book Programs: relações internacionais e políticas editoriais para um Brasil “em desenvolvimento” (1965-1971)

“…Em 1928, por meio da criação do Centro das Indústrias de São Paulo (Ciesp), Roberto Simonsen afirmou-se como líder da classe industrial paulista. Já àquele momento, demonstrava preocupação com a função social da indústria, a noção de desenvolvimento assentada nos interesses nacionais e uma busca pela harmonização do capital e trabalho que desaguaria em um ardoroso anticomunismo (Leão, Pinto & Silva, 2015). Durante o Estado Novo, esteve vinculado ao Conselho de Expansão Econômica do Estado de São Paulo, ao Conselho Nacional de Política Industrial e Comercial e ao Centro das Indústrias do Estado de São Paulo.…”

“…Conforme Leão (2015), havia nesse período três correntes desenvolvimentistas. A primeira, antiliberal e favorável ao apoio estatal à acumulação privada, abrigava distintas concepções sobre o nível de participação estatal e do capital estrangeiro.…”

“…À segunda corrente estavam vinculados Horácio Lafer, Lucas Lopes, Valentin Bouças, Ary Torres e Roberto Campos, que abandonaria paulatinamente a tônica nacionalista e, na década de 60, assumiria claramente uma posição liberal. A terceira vertente, nacionalista, defendia a atuação estatal em setores estratégicos e tinha em Celso Furtado seu principal expoente (Leão, Pinto & Silva, 2015).…”

“…O desenvolvimentismo patrocinado pela elite industrial brasileira, afigurado no pensamento de Roberto Simonsen, nesse sentido, acompanhava a definição de Bielschowsky (apud Leão, Pinto & Silva, 2015) e se baseava nos seguintes princípios: a) a industrialização integral é a via de superação da pobreza e do subdesenvolvimento brasileiro; b) não há meios de alcançar uma industrialização eficiente e racional no Brasil através das forças espontâneas do mercado; por isso, é necessário que o Estado a planeje; c) o planejamento deve definir a expansão desejada dos setores econômicos e os instrumentos de promoção dessa expansão; e d) o Estado deve ordenar também a execução da expansão, captando e orientando recursos financeiros e promovendo investimentos diretos naqueles setores em que a iniciativa privada seja insuficiente.…”

“…Nessa direção, os acordos de cooperação econômica deveriam ser firmados tendo em vista "uma larga, permanente e recíproca interpenetração de atividades produtoras e de consumo, segurança que deveria constituir o seu principal objetivo [...]", a fim de elevar as rendas nacionais dos dois países (Carone, 1971). "[...] ao invés de servilmente copiarmos os modelos estranhos, com a preocupa-ção de implantar aqui a grande indústria, sem corrigir seus inconvenientes, aproveitemos apenas os seus ensinamentos técnicos, e adotemos os necessários corretivos de ordem prática e social, para evitar a transplantação correlata de males verificados alhures do supercapitalismo industrial, desenvolvido ao sabor da lei do domínio do mais forte" (Simonsen apud Leão, 2015Leão, [1973).…”