“De <italic>westeros</italic> no #vemprarua à <italic>shippagem</italic>do beijo <italic>gay</italic> na TV brasileira”. Ativismo de fãs: conceitos, resistências e práticas na cultura digital

Abstract

&lt;title&gt;Resumo:&lt;/title&gt;&lt;p&gt;A partir do entendimento de que o ativismo de fãs é uma forma de resistência no âmbito criativo e cultural, buscamos aqui discutir a mobilização desses grupos de fãs em prol de seus ídolos, bem como discutir sobre como a busca por intimidade e a relação de proximidade celebridade/fã são propulsoras de uma série de atividades que delineiam, (re)definem e ultrapassam as fronteiras do &lt;italic&gt;fandom&lt;/italic&gt;. Observamos, a partir de reflexão teórica sobre tais fenômenos e discussão de exemplos do cotidiano, como o rico universo das práticas e produções digitais desse universo – &lt;italic&gt;fanfics, fanvids, fanzines&lt;/italic&gt;, etc. – produzem eventos socioculturais – "rolezinho", &lt;italic&gt;crowdfunding, fanmades&lt;/italic&gt; em protestos – ressignificando o que entendemos como resistência e problematizando a dualidade existente entre o "mundo do consumo e da cultura &lt;italic&gt;pop&lt;/italic&gt;" e o "mundo da cidadania".&lt;/p&gt;

Dispositivo de Potterheads: Organização Pautada na Ordem do Cânone

“…Por sua vez, cada vez mais numerosos e atuantes, os fãs mostram-se orgulhosos de sua condição (Amaral et al, 2015). Como consumidores particulares, esses agentes se mobilizam, produzem e influenciam comportamentos por meio de experiências de consumo (Redden & Steiner, 2000;Thorne & Bruner, 2006), devendo ser analisados como sujeitos potencialmente transgressores de vários saberes tradicionais (Jenkins, 2009).…”

“…Analisar a esfera do consumo tornou-se relevante para a teoria organizacional, assim como o estudo das formas organizacionais alternativas despertou o interesse de estudiosos (Fontenelle, 2015;Rodgers, Petersen, & Sanderson, 2016). O fandom é o espaço social que as sedia e propicia os intensivos diálogos entre fãs (Amaral, Souza, & Monteiro, 2015;Guschwan, 2012), e é considerado por Jenkins (2009) uma comunidade cultural complexa, mantida pelo estilo particular de consumo e pela preferência cultural. Nesse espaço, a combinação de esforços individuais e colaborativos almeja a realização de propósitos coletivos.…”

A “mulher louca” em Game of Thrones: gênero e a crítica do pop no jornalismo

“…São percebidos, também, dois vínculos de produção: fãs e fãs ativistas. Em ambos os vínculos, o ativismo de fãs (Amaral et al, 2015) está presente, seja pela maneira como a cobertura da cultura pop é feita, priorizando discussões e informações que o jornalismo hegemônico -de portais mais convencionais e voltados à pautas gerais, como, por exemplo, o G1 -não compreende por não ter jornalistas que também fazem parte de comunidades de fãs -o ativismo aí estaria presente na maneira como fãs se apropriam das tecnologias da comunicação para construírem os seus próprios veículos informativos -; seja na construção de textos críticos que resgatam a prática da crítica cultural feminista para ler, não somente a literatura, mas as produções da cultura pop -em iniciativas como as do Delirium Nerd, que se estrutura como um espaço para a construção de crítica das produções da cultura pop em perspectiva de gênero 5 . Silva (2014), ao estudar o jornalismo hegemônico, percebeu, pelas lentes de gênero, que valores historicamente atribuídos como masculinos e heteronormativos são predominantes.…”

“Homophobia is so last century”: activism of telenovela fans in defense of fictional lesbians couples

“…However, both fan cultures and democracy have as fundamental elements the circulation of information, discussions and activism (van Zoonen, 2004). Amaral, Souza and Monteiro (2015) indicate that especially since the 2010's, fan scholars worried about investigating the relationship between fan practices and political participation, even though the theme is not necessarily a novelty. The term "fan activism" appeared to fulfill the demands of these forms of political engagement within fandoms.…”

“…shipping as aCtivism Amaral, Souza and Monteiro (2015) understand activism as "a practice of daily resistance" (p. 146), although this resistance, in many cases, reaffirms the entertainment industry itself. The authors indicate noteworthy practices of the fan culture, such as fanzines; fanfictions, fan arts, fan videos; subtitling; crowdfunding; marathons; meetings with artists and collective manifestations.…”