Este é um artigo de acesso aberto, licenciado por Creative Commons Atribuição 4.0 Internacional (CC-BY 4.0), sendo permitidas reprodução, adaptação e distribuição desde que o autor e a fonte originais sejam creditados.Comunicação, hegemonia e memória: lutas discursivas sobre a ditadura civil-militar na sociedade brasileira contemporânea Resumo. Neste artigo, temos como objetivo fazer alguns apontamentos acerca dos embates discursivos sobre a ditadura civil-militar na sociedade brasileira contemporânea. Para tanto, dissertamos, em primeiro lugar, sobre o papel dos meios de comunicação na constituição das memórias hegemônicas sobre o referido período histórico, para em seguida iluminarmos a presença de memórias subterrâneas (Pollak, 1989) e de discursos contra hegemônicos que visam instaurar materialidades discursivas que se contraponham ao silenciamento e ao esquecimento de múltiplas dimensões sobre a ditadura, como, por exemplo, o genocídio de povos indígenas, a participação de parte do empresariado e dos grandes meios de comunicação na constituição e na sustentação do governo autoritário. Argumentamos que, a despeito de um relativo crescimento dessas vozes e memórias subterrâneas, nosso país ainda é caracterizado pela carência de uma cultura da memória sobre nosso passado recente.Palavras-chave: memórias coletivas, ditadura civil--militar, meios de comunicação, hegemonia.Abstract. In this paper, we aim to make some notes about the discursive struggles over civilian-military dictatorship in contemporary Brazilian society. In order to do so, we first discuss the role of the media in the constitution of the hegemonic memories about this historical period; then we illuminate the presence of subterranean memories (Pollak, 1989) and counter-hegemonic discourses, which aim to establish discursive materialities opposite to the silencing of multiple dimensions of dictatorship, such as the genocide of indigenous peoples, the participation of the business community and the mainstream media in the constitution and support of the authoritarian government. We argue that, despite a relative growth in these voices and subterranean memories, our country is still characterized by the lack of a culture of memory about our recent past.