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RESUMOEste artigo desenvolve um exercício analítico sobre a identidade de um telejornal, a partir de um duplo movimento de aproximação. Primeiro, promove uma caracterização geral da primeira -e, até 2016, única -edição do quadro Parceiros do MGTV, da TV Globo de Belo Horizonte, incluindo dados gerais sobre temáticas e escolhas editoriais, confrontando-o com modos recorrentes de informar sobre as favelas no jornalismo brasileiro. Em seguida, observamos mais atentamente as narrativas de três das reportagens exibidas pelo quadro. O movimento complementar entre as escalas macro e micro envolve uma articulação metodológica entre análises de conteúdo e textual e permite ver que o esforço de inovação do quadro foi contrabalançado pelo modo recorrente de narrar do telejornal, o que fez com que as favelas emergissem nessas narrativas como que em oposição (ou resistência) ao próprio MGTV. Com isso, o telejornal passa a ser visto como um produto cuja identidade, vista para além da noção de linha editorial, se apresenta de modo tensionado e clivado internamente.Palavras-chave: telejornalismo, narrativa, favela.