Introdução: A qualidade de vida da população idosa possui íntima relação com a saúde bucal, a qual pode ser prejudicada com o avanço da idade (OLIVEIRA et al., 2021). No Brasil a saúde bucal desse público é deficiente, além de nem sempre corresponder com a percepção que o idoso tem da sua condição de saúde bucal (HAIKAL et al., 2011). Muitos acabam negligenciando os problemas bucais, como cáries, problemas periodontais e falta de dentes. Tais fatores acarretam em uma baixa autoestima, conformismo e desvalorização dos sinais de alerta aos problemas bucais (SILVA, 2011). Nesta perspectiva, é essencial que os idosos sejam orientados sobre a importância e a necessidade dos cuidados com a saúde bucal, higiene adequada e visitas regulares ao dentista. Objetivos: O presente trabalho teve como objetivo avaliar a percepção em saúde bucal dos idosos cadastrados na Estratégia da Saúde da Família (ESF) que residem na zona urbana da cidade de Diamantina-MG. Metodologia: Tratou-se de um estudo transversal, com idosos residentes em Diamantina, MG cadastrados nas Equipes de Saúde da Família (ESFs). Os dados foram obtidos por meio de questionário estruturado com perguntas sobre percepções do idoso sobre a saúde. Os aspectos éticos preconizados pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri foram respeitados, sendo aprovada sob parecer nº CAAE: 09227219.6.0000.5108, com a anuência da Prefeitura do Município. Os pesquisadores visitaram as residências dos idosos, acompanhados dos Agentes Comunitários de Saúde (ACS). Os dados coletados foram registrados e posteriormente analisados no software SPSS versão 20.0, utilizando-se análise descritiva. Resultados: As coletas foram realizadas em 6 ESFs do município de Diamantina, com amostra de conveniência. Acerca da autopercepção em saúde dos pacientes idosos pode-se aferir que dos 115 idosos participantes, quando indagados sobre seu estado de saúde geral, 80 (69,6%) a consideraram “boa” ou “regular” e 15 (13,0%) idosos consideraram a opção “ruim”. Da amostra, 90 (78,3 %) frequentaram ao médico nos últimos 6 meses e quando questionados sobre sua condição de saúde bucal, 37 (31,9%) idosos a consideraram ótima e 63 (55,3%) idosos a consideraram boa. Ainda, 102 (88,7%) idosos relataram não ter ido ao dentista nos últimos 6 meses e 64 (59,3%) relataram não necessitar de nenhum tratamento odontológico. Ademais, 110 (95,7%) relataram não frequentar ao dentista da ESF. Conclusão: Diante dos resultados obtidos neste estudo, podemos concluir que existe uma discrepância entre a autopercepção dos idosos em relação à sua saúde bucal e a realidade observada. Embora a maioria dos participantes tenha avaliado sua saúde bucal como ótima ou boa, os dados revelam que uma parcela significativa deles não têm procurado atendimento odontológico regularmente e muitos relatam não necessitar de tratamento odontológico. Essa discrepância entre a percepção subjetiva e a real condição de saúde bucal dos idosos ressalta a importância da educação e conscientização sobre a saúde bucal nessa faixa etária. Muitos idosos podem não estar cientes dos problemas bucais que possuem ou podem subestimar sua gravidade. Além disso, a falta de visitas regulares ao dentista e a relutância em buscar tratamento podem contribuir para o agravamento dos problemas bucais, afetando a qualidade de vida e a autoestima desses indivíduos, ficando evidente a necessidade de programas de saúde bucal voltados para a população idosa.