Diferenciais Salariais De Gênero No Brasil: Comparando Os Setores Público E Privado

Abstract

RESUMO O objetivo deste artigo é investigar os determinantes dos diferenciais salarias entre homens e mulheres cotejando os setores, público com o privado. Para tanto, serão usadas as informações da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio (PNAD) de 2015 e as técnicas de decomposição com base em Oaxaca, Blinder e Firpo, Fortin e Lemieux. O principal objetivo da pesquisa é entender o diferencial salarial ao longo da distribuição, distinguindo os trabalhadores dos setores público e privado. Os resultados dos modelos evidenciam que a maior parcela do diferencial salarial entre homens e mulheres, no Brasil, não encontra amparo nas distintas características, podendo, em certa medida, sinalizar presença de discriminação de gênero no mercado de trabalho. O tempo trabalhado, a escolaridade, o tipo de ocupação e a área de atuação contribuem, em alguma medida, para a explicação do diferencial salarial. Os resultados apontam para desigualdades de rendimento maiores no setor público, com ênfase na parte superior da distribuição, embora haja indícios de maior discriminação no setor privado.

Overeducation E Viés De Gênero: Um Estudo De Caso Sobre Os Técnicos Administrativos Da Universidade Federal De São João Del Rei

“…Independentemente do crescente acesso ao mercado de trabalho e do nível de escolaridade, quando se comparam os rendimentos-hora trabalho, os progressos para as mulheres brasileiras são mais lentos. De acordo com dados da Pnad (IBGE, 2019), o rendimento médio real habitual do trabalho principal das mulheres em 2019 era aproximadamente 26% menor em relação ao dos homens, somado ao elevado desemprego feminino (PASSOS et al, 2019).…”

“…A segmentação de gênero no mercado de trabalho inclui a segregação hierárquica (ou vertical) mais conhecida como "teto de vidro" ou "glass ceiling" (MANGANELI, 2012;VAZ, 2010;PASSOS et al, 2019). É um fenômeno de grande influência nas oportunidades de carreira, segundo o gênero, caracterizado por barreiras sutis e perceptíveis que impossibilitam a progressão profissional e impedem (ou diminuem) a velocidade da passagem das mulheres aos níveis hierárquicos mais elevados.…”

“…O tipo de ocupação e a área de atuação desempenham papel fundamental na explicação desse diferencial nos estratos superiores de renda. Para Passos et al (2019), no setor privado, a ocupação contribui com cerca de 31%, e a área de atuação, com 15% para a explicação do diferencial médio salarial. No setor público, a ocupação e área de atuação contribuem, respectivamente, com 30% e 53%.…”

“…Metade destes encontra-se na UFSJ, entre 1 e 5 anos, e a outra metade, entre 6 e 10 anos. Essa interpretação confirma o fato anteriormente abordado de que as mulheres, mesmo com escolaridade maior comparada à dos homens, na maioria dos casos, tendem a receber menor remuneração (BALTAR e LEONE, 2016;LOMBARDI 2017;PASSOS et al 2019), mesmo no setor público. De forma complementar, as Figuras 4 e 5 relacionam a escolaridade à renda de mulheres e homens respondentes, respectivamente.…”