Coexistência de comportamentos de risco à saúde e o contexto familiar entre adolescentes brasileiros, Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar (2015)

Abstract

RESUMO: Objetivo: Avaliar a associação entre a coexistência de comportamentos de risco (CR) e o contexto familiar em adolescentes brasileiros. Métodos: Estudo transversal com 101.534 estudantes do 9º ano do ensino fundamental na Pesquisa Nacional de Saúde do Escolar 2015. A coexistência de CR foi estimada pelo somatório da presença de comportamento sedentário, baixo consumo de frutas e consumo regular de álcool e tabaco. A prevalência foi avaliada usando o diagrama de Venn e a análise multivariada por meio da regressão logística ordinal de chances parciais. Resultados: 8,8% dos adolescentes não apresentaram CR; 34,5% tinham um; 42,7% tinham dois; e 14,1%, três ou quatro. As combinações mais prevalentes foram entre comportamento sedentário e baixo consumo de frutas (33,8%); e comportamento sedentário com baixo consumo de frutas e consumo regular de álcool (9,5%). Tiveram maior chance de coexistência aqueles que tinham mães com maiores escolaridades em todos os modelos, não morar com os pais [0, 1 e 2 vs. 3: (odds ratio - OR = 1,21; intervalo de confiança de 95% - IC95% 1,07 - 1,37)], ter pais que às vezes, nunca ou raramente entendiam seus problemas e preocupações [0, 1 e 2 vs. 3: (OR = 1,62; IC95% 1,49 - 1,76)] e acompanhavam o dever de casa [0, 1 e 2 vs. 3: (OR = 1,77; IC95% 1,62 - 1,93)]; e realizar refeições com os pais ou responsáveis < 4 dias/semana para os três modelos. Conclusão: Os CR relacionados à saúde tendem a se agrupar entre os adolescentes brasileiros e estão associados a características do contexto familiar. Esses achados apontam para a necessidade de ações de promoção de saúde com foco na simultaneidade, e não de forma isolada.

Prevalência do uso de tabaco e sua relação com a autopercepção de depressão: uma análise de dados secundários

“…Ainda, Molina et al (2012) relata que o risco de surgimento e da persistência de episódios depressivos é potencialmente aumentado em fumantes, situação que é consonante aos achados de Barros et al (2021), os quais evidenciaram que as prevalência de depressão no sexo feminino poderiam explicar parcialmente as menores taxas de cessação do tabagismo. Dessa forma, a realização de estudos com delineamentos mais específicos para a compreensão da relação entre a depressão e o tabagismo podem auxiliar as intervenções médicas de cessação e de manutenção da abstinência, além de potencializar o entendimento acerca das singularidades intrínsecas aos transtornos mentais.…”

O problema no enfoque do sofrimento feminino na pesquisa epidemiológica: por que determinantes sociais e não determinação social?

“…Nos onze estudos que abordam especificamente as condições de saúde-doença mental de mulheres, a maioria dos estudos são de natureza quantitativa (90,91%), de delineamento transversal (63,64%), outros delineamentos foram os de coorte prospectivo (9,09%), coorte retrospectiva (9,09%), revisão integrativa da literatura (9,09%) e censitário descritivo-analítico (9,09%). Analisados, sete deles adotam as categorias "determinantes sociais em saúde" ou "determinantes multicausais" (FEITOSA, FERNANDES, 2021;GRAPIGLIA et al, 2021;QUADROS et al, 2020;SANTOS et al, 2019;SILVA et al, 2020;SOARES, MEUCCI, 2020;SOUSA et al, 2019), enquanto um utiliza o termo "lifestyle psychiatry" (BARROS et al, 2021). Três artigos não fazem menção a qualquer teoria científica para a interpretação dos dados (BARROS et al, 2020; SILVA, AZEREDO, 2019; SILVA, LEITE, 2020).…”

“…Os estudos analisados revelaram associações estatisticamente significativas entre os determinantes socioeconômicos e de estilo de vida e a saúde mental das mulheres. Entre os principais fatores identificados estão a menor renda/condição socioeconômica (BARROS et al, 2021;FEITOSA, FERNANDES, 2020;GRAPIGLIA et al, 2021;QUADROS et al, 2020;SANTOS et al, 2019 -Os resultados do estudo mostraram que os trabalhadores afastados caracterizaram-se por ser, na sua maioria, do sexo feminino, com média de idade de 47,2 anos, residentes na capital, Teresina, de origem urbana, com renda variando de um a dois salários mínimos, com a maioria afastando-se uma única vez.…”

“…Além disso, esses processos são frequentemente incorporados a partir de uma epistemologia positivista-funcionalista, que os trata de forma estática e busca correlações simplistas, deixando de lado a dinâmica dialética e contraditória que caracteriza tanto os níveis da sociedade quanto das experiências individuais. Essas limitações abrem espaço para distorções e simplificações no raciocínio etiológico-causal e na compreensão da determinação, muitas vezes se reduzindo a identificar pares de variáveis com associações estatisticamente significativas, como, por exemplo, a associação entre o consumo de refrigerantes e a depressão (BARROS et al, 2021). Outro exemplo é a relação entre a prática das religiões de umbanda e candomblé e uma maior prevalência de TMC (SANTOS et al, 2019), que, sem considerar o papel do racismo ou do estigma/discriminação associado a essas religiões e àquelas que as praticam, pode resultar em interpretações da realidade que são, no mínimo, inadequadas ou insignificantes em termos do avanço do conhecimento.…”

Role of polygenic risk scores in the association between chronotype and health risk behaviors

“…Results from the 2017 National Youth Risk Behavior Survey (YRBS) from the United States indicate that many high school students engage in health risk behaviors that are associated with the leading causes of death among people aged 10–24 in the United States [ 2 ]. According to a recent study in Brazil that involved a large sample of adolescents, 8.8% of the adolescents did not have HRB; 34.5% had one; 42.7% had two; and 14.1% had three or four [ 3 ]. Other studies have shown that behaviors and lifestyles developed during adolescence are maintained into adulthood in the form of growth “trajectories” that affect health to varying degrees and may increase the risk of morbidity and mortality [ 4 , 5 ].…”