Vacinação universal contra hepatite A no Brasil: análise da cobertura vacinal e da incidência cinco anos após a implantação do programa

Abstract

RESUMO: Introdução: Em 2014, o Brasil introduziu programa de imunização universal contra o vírus da hepatite A (HAV) para crianças no segundo ano de vida, por meio de dose única da vacina de vírus inativado. Este estudo teve como objetivo avaliar a cobertura vacinal (CV) contra o HAV no Brasil, diante da incidência de casos notificados cinco anos após a implantação do programa. Metodologia: Dados secundários foram obtidos pesquisando-se sítios eletrônicos de acesso livre do Ministério da Saúde, Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde (DATASUS), para análise de incidência e CV. Resultados: A CV variou entre 60,13 e 97,07%. A homogeneidade da CV contra hepatite A nos estados ficou aquém da meta estabelecida. Após 2015, houve queda da CV em todas as regiões do país. Apesar da cobertura insuficiente, houve redução concomitante da incidência da hepatite A em todo o Brasil. A taxa de incidência caiu de 3,29 para 0,80/100 mil entre 2014 e 2018. No entanto, ocorreu diminuição da velocidade de queda da incidência entre 2017 e 2018, o que pode ser consequência dos percentuais insuficientes de CV. Esse fenômeno parece acompanhar tendência geral de enfraquecimento do esforço vacinal no país, verificado também para outras vacinas, como poliomielite e tríplice viral. Conclusão: Esses números sugerem a necessidade de esforços para melhorar as taxas de CV da hepatite A no país.

The Impact of an Inactivated Hepatitis A Vaccine with One Dose in Brazil: A Retrospective Time-Series

“…To our knowledge, this is the first study using interrupted time-series analysis to evaluate the impact of introducing a hepatitis A vaccine into the NIP on hepatitis A incidence rates, in the Brazilian population. Previous studies have demonstrated important reductions of hepatitis A incidence in all regions of Brazil after the vaccine introduction using other methodologies [9,13,14,15]. We found a significant immediate reduction (level change) of hepatitis A incidence rates in the overall population as well as in the target population for vaccination.…”

“…Nevertheless, a sustained vaccination coverage from 65% to 85% was reported between 2017 and 2019 with a slightly increasing trend over the years in all national territories. The drop in hepatitis A vaccination coverage in 2016 was consistent throughout all vaccines included in the childhood immunization schedule, probably due to multiple factors including lack of health education promotion on the benefits of vaccination and the change of the NIP information system from consolidated doses applied to nominal register [13]. From 1994 until 2013, information on vaccine doses administered was provided by the municipalities administrators as aggregated data.…”

“…Previous data on the impact of universal hepatitis A vaccination in Brazil have demonstrated a cumulative 85.5% reduction in the total number of hepatitis A cases reported between 2014 and 2016 with vaccination coverage ranging from 60.1% to 97.1% [12,13]. The reduction was more prominent among children under 5 years old suggesting a direct vaccination effect.…”

Perfil dos portadores de hepatite A no Estado do Rio de Janeiro, no período de 2010 a 2018

“…Esse fator pode estar associado à epidemia registrada em adultos de 20 a 39 anos, ocorrida em 2017, com destaque para a Região Sudeste, e ao fato de a queda na cobertura vacinal infantil estar ligada à hesitação da vacina. (Brito & Souto, 2020) Foi possível observar que a menor taxa de prevalência da doença ocorreu em indivíduos que possuem de 8 a 12 anos de estudo (2,92%) e a maior ocorreu entre os que possuem de 4 a 8 anos de estudo (7,97%). Porém, o quantitativo de notificações ignoradas foi significativo, apresentado 1,39% dos casos.…”

“…A hepatite A, no ano de 2014, passou a fazer parte do Programa Nacional de Imunização (PNI), sendo administrada em dose única a partir dos 15 meses de vida da criança (Brito & Souto, 2020). Porém, a doença ainda está presente no Brasil e sua abordagem é de extrema valia.…”