Evidência Científicas Sobre Experiências De Homens Transeuxais Grávidos

Abstract

RESUMO Objetivo: analisar as evidências científicas sobre experiências de homens transexuais grávidos. Método: estudo descritivo, tipo revisão integrativa de literatura, sem recorte de tempo, realizada em janeiro de 2021 nas seguintes Bases de Dados: Medline, CINAHL, LILACS, CUIDEN, SCOPUS, WoS, EMBASE, PSYCINFO e BDENF, nos idiomas português, inglês e espanhol; usando os descritores DECs e MeSH: “Pessoas Transgênero”, “Gravidez”, “Reprodução”, “Fertilização”, “Inseminação”, “Cuidado Pré-Natal”, “Período Pós-Parto”, “Lactação”, “Aborto Espontâneo”, “Aborto habitual”, “Saúde reprodutiva” e “Assistência à Saúde” e respectivos sinônimos. A elaboração da questão norteadora foi conduzida pela Estratégia PICo: (População): homens transexuais; I (Interesse): experiências durante o ciclo gravídico puerperal; Co (Contexto): saúde reprodutiva e serviços de saúde. A amostra final foi submetida à Técnica de Análise Temática. Resultados: foram identificados 1.011 estudos. Após o processo de seleção e avaliação por pares, 10 compuseram esta revisão. A análise resultou em duas categorias temáticas: “Ciclo gravídico-puerperal: desafios e experiências” e “Corpos grávidos: percepções e relações sociais”. Conclusão: as experiências de homens transexuais grávidos são marcadas por inquietações relacionadas à gestação, ao parto, ao nascimento e ao puerpério, ocasionando impactos psicológicos e/ou emocionais inesperados, evidenciando a cisheteronormatividade e a transfobia como aspectos estruturantes que acrescentam uma parcela adicional ao medo do parto e violações de direitos.

Relato de caso: acompanhamento de pré-natal e puerpério de um casal transcentrado na atenção primária de saúde

“…Compreender parte da vivência e experiência, questionando quanto aos sentimentos envolvidos pela família, amplia o cuidado e integralidade das consultas (FORTES et al, 2008) O processo de construção de imagem do gênero envolve, por vezes, a hormonização para mudança de caracteres sexuais, porém durante a gestação deve ser interrompida a medicação e em associação às mudanças corporais acarretadas pela própria gestação pode levar o indivíduo a uma dissociação no reconhecimento corporal e disforia de gênero (PEREIRA et al, 2022). O aumento das mamas e o abdome gravídico apesar de ser passível de tentativas de camuflagem com roupas mais largas para que a pessoa se sinta pertencente ao gênero com o qual se identifica, causa desconfortos e abalos psicológicos devido à disforia de gênero, mesmo que as mudanças sejam transitórias.…”

“…Em uma rápida busca de artigos nas bases de dados integradas BVS-LILACS, realizada em 29/12/2023, utilizando os descritores "pessoas transgênero" e "Cuidado Pré-Natal", um único artigo foi encontrado. Trata-se justamente de uma revisão integrativa intitulada "Evidências cientificas sobre experiências de homens transexuais grávidos" (Pereira et al, 2022).…”

“…Durante o acompanhamento da gravidez, que necessita de uma interação frequente com os serviços de saúde e até mesmo no parto, o homem trans comparece em espaços públicos que são tidos como "femininos", os deixando vulneráveis ao preconceito e consequentemente à adoecimentos psíquicos, necessitando não só do apoio à saúde, mas também de um apoio psicológico e social, com a construção de uma rede de apoio que possa compreender o que ele está vivenciando (PEREIRA et al, 2022) Desta forma, o compartilhamento desta experiência, por meio deste relato de caso, tem como objetivo trazer à luz questões relacionadas principalmente às percepções da médica assistente, compartilhadas com a equipe de saúde da família, sobre as singularidades e desafios de prestar essa assistência, com dignidade e buscando garantir na prática cotidiana o direito à saúde deste casal. Tem-se ainda a expectativa de que um número maior de relatos enseje um reforço na política pública de saúde no sentido de estruturar os serviços e formar profissionais melhor preparados para prestar esse cuidado.…”

Transphobia as a social disease: discourses of vulnerabilities in trans men and transmasculine people

“…The review of clinical/assistance protocols is still permeated by pathologizing contours, such as mandatory determination of psychological and psychiatric follow-up to obtain the medical report to start hormone therapy and endocrinologist medical follow-up ( 32 ) . This fact raises a necessary public debate about genocide in the Brazilian transgender population ( 9 ) , in the face of complex situations such as: health system bureaucratization; hormone therapy and clandestine surgeries; maintenance of illegal networks for buying/selling testosterone without a medical prescription; medical and health quackery; detachment/reluctance to gynecological care ( 34 ) ; home insemination; stigmatization ( 35 ) ; abandonment of psychosocial follow-up; and mental illness (anxiety, mood and personality disorders, manic episodes, depression) ( 36 ) .…”