Caminhos para um feminismo decolonial

Abstract

Resumo Este estudo propõe uma descentralização epistêmica do movimento feminista, de modo que seja possível pensarmos em caminhos para uma prática feminista decolonial. Assim, é necessário lançarmos um olhar crítico ao projeto histórico do capital, cujas categorizações sociais tornam invisíveis as experiências e demandas de mulheres não-brancas. Os estudos sobre gênero e colonialidade elaborados por Rita L. Segato (2011) e María Lugones (2008) serão substanciais para uma profunda análise do sistema colonial de gênero, desarticulando classificações colonialistas e propondo alternativas particulares às mulheres da América Latina.

Women's experiences in entrepreneurship of “non” resistance in light of Decolonial Theory

“…Around these movements, feminist theory gains many voices, from defending women's rights, to problematizing the idea of social class and race (Hooks, 2019), denouncing domination processes in which the dynamics of power and patterns of existence are referenced in the male figure (Scott, 1988;Abramo, 2004). Considering distant traces, for Paiva, (1997) and Rago, (1998), theory must resort to research and studies, and to social practices in the perspective of mobilizing transformations to the social structure defined for gender, especially within Latin America (Costa, 2010), including in attention to plural demands, given the reality of each country (Ferrara & Carrizo, 2021, Ferrara, 2019.…”

Desadjetivando a docência no ensino superior: ampliando reflexões sobre o binarismo de gênero nas unidades que compõem o CCMN/UFRJ

“…O patriarcado opera a inferiorização feminina dentro de um sistema binário de ser e exercício de poder (Ferrara;Carrizo, 2021). Em essência, fazer emergir do âmago de relações sociais e produções científicas, colocações e movimentações integralmente violentas e castradoras Maio, 2016), pulveriza o diálogo sobre interações entre Ciência, colonialidade e gênero (Santos, 2018;Rodrigues, 2013).…”

“…Apesar da emancipação política de colônias latino-americanas na esfera legislativa, a colonialidade se manteve de modo consistente no subconsciente cultural da sociedade, culminando em um segundo momento de disputa e questionamento, a decolonialidade. O dualismo cartesiano, fortalecido e propagado pela concepção eurocêntrica, conduziu uma classificação sexista binária e racista (Ferrara;Carrizo, 2021), onde o gênero feminino cumpre papel subalterno em oposição ao gênero masculino, e corpos não-brancos foram categorizados como inferiores (Quijano, 2014 apud Ferrara;Carrizo, 2021).…”

“…A manutenção de um antiquado padrão comportamental, restringe a sociedade aos papéis normativos assumidos pelo binarismo de gênero (Anibal;Santos, 2016;Ferrara;Carrizo, 2021), produzindo uma segregação compulsória. Menezes e colaboradores (2017) assinalam que a consolidação da rotulação de gênero em alinho com a imersão digital, acentua a passividade na posição atribuída às mulheres, adjetivando com qualidades relativas ao belo e leve (Lino;Mayorga, 2016).…”

“…Fruto de um reflexo da sociedade, o ambiente científico também é atravessado pelo patriarcado. A segregação binária de gênero submete normativamente mulheres a posições subordinadas, sujeitas a trabalhar solitariamente e com sobrecarga de atribuições domésticas (El Jamal;Guerra, 2021;Ferrara;Carrizo, 2021). Reflexões modernas sobre preconceitos estruturais enraizados na sociedade suleiam o olhar decolonial moderno (Ferrara;Carrizo, 2021;Santos, 2018;Rodrigues, 2013), no entanto, ainda é perceptível que tais avanços não imprimem de fato uma equiparação na ocupação de gênero na Ciência (Santos;Martines;Nicot, 2021;Silva;Mendes, 2015).…”