O Inconsciente E a Lógica a Partir De Freud E Lacan

Abstract

RESUMO: Nós propomos, neste artigo, uma interpretação da seguinte passagem do Abriss der Psychoanalyse de Freud: “As regras decisivas da lógica não têm validade no inconsciente, pode-se dizer que ele é o reino do ilógico”. Para tanto, procederemos em quatro etapas: 1) Delimitar o conceito de lógica a partir do Organon de Aristóteles. 2) Identificar quais são as regras decisivas da lógica e seu conteúdo. 3) Examinar em que sentido tais regras não possuem validade no inconsciente. 4) Problematizar a tese freudiana de que o inconsciente seria o reino do ilógico. A ideia de que esta tese freudiana é problemática surge de uma tese que Lacan apresenta no seminário XIV sobre a lógica da fantasia, a saber, que o inconsciente “está instalado no campo da lógica e que ele articula proposições”. Esta tese lacaniana nos permitirá chegar à conclusão de que o inconsciente não é totalmente o reino do ilógico.

Dizer e Desdizer

“…Destaco o olhar inovador do matemático, lógico e filósofo brasileiro Newton da Costa (1986Costa ( , 2000Costa ( , 2008, que, a despeito da hegemonia 5 paralisante do pensamento aristotélico, criou a lógica paraconsistente, que admite as contradições e que sustenta formulações que derrogam o princípio da não-contradição. O tema da contradição é perscrutado em trabalhos no campo da Psicanálise, como os de Silva (2019), Checchia (2004), D'Agord (2006 e Shimabukuro (2019), mas com recortes específicos que servem a uma outra temática principal. Dessa forma, permanece pulsante o questionamento sobre os fundamentos para que alguém diga algo e simultaneamente afirme o contrário disso.…”