RESUMOParacoccidioides brasiliensis foi encontrado, por inoculação de triturado de fígado e baço em hamsters, em 4 de 20 tatus (Dasypus novemcinctus) examinados na região de Tucuruí, Pará. Hamsters inoculados por via intradérmica e peritoneal com o parasito desenvolveram infecções generalizadas e morreram em 1½ a 13 meses. A diagnose do fungo foi confirmada por histopatologia e cultura. Não se observaram sinais macroscópios de doenças nos tatus. A distribuição geográfica de D. novemcinctus abrange a área endêmica de paracoccidioidomicose humana, sugerindo-se que o tatu tenha algum papel na ecologia do fungo.UNITERMOS: Paracoccidioidomicose -Hamsters -Tatus (Dasypus novemcinctus) -Ecologia.
I NTRODUÇÂOEmbora exista volumosa literatura sobre a paracoccidioidomicose 8,11,12,13,17 quase nada se conhece da ecologia de Paracoccidioides brasiliensis no ambiente silvestre. A reservárea 4 da doença, ou área geográfica em que o homem adquire a infecção, é restrita às partes menos secas e menos frias da Região Neotropical 5 -s . No laboratório, o fungo tem sido cultivado em solos previamente esterilizados 14 e em substratos vegetais 12 . 16 .0 isolamento do fungo de amostras de solo não tem sido demonstrado repetidamente 8 -17 e ainda se desconhece o habitat exato da forma saprófita.GROSE & TRAMSITT 9 referem-se ao isolamento de P. brasiliensis do conteúdo intestinal de três morcegos frugívoros-Artibeus lituratus na Colômbia, porém este achado não foi repetido em outros levantamentos de morcegos colombianos 7 , e experiências com morcegos em cativeiro 7 sugerem que A. lituratus provavelmente não tenha papel na ecologia do fungo.Outro registro de P. brasiliensis foi em um macaco boliviano-Saimiri sciureus examinado na América do Norte I0 .A importância de mamíferos silvestres na epidemiologia da doença não foi comprovada, e a fonte de infecção ao homem é desconhecida, o que impede a aplicação de medidas preventivas 8 -17 .Existem poucas referências ao P. brasiliensis na Região Amazônica 4 A K .Neste trabalho, referimos o isolamento de P. brasiliensis de tatus silvestres capturados na área da usina hidrelétrica de Tucuruí, Estado do Pará (Fig. 1).
MATERIAL E MÉTODOS Descrição da áreaTucuruí se encontra no Rio Tocantins, Estado do Pará, Brasil a aproximadamente