Estima-se que a ordem dos quirópteros contribua com cerca de um quarto das espécies de toda a fauna brasileira de mamíferos. Apresentam grande importância nos ecossistemas, inclusive no urbano, sendo excelentes polinizadores, controladores de insetos entre outras várias funções para a cadeia alimentar. Algumas espécies são uma ameaça à saúde pública. Frequentemente os abrigos de morcegos estão próximos à criação de animais domésticos ou a edificações utilizadas por pessoas e animais de companhia. Essa proximidade pode ocasionar a transmissão de diversas enfermidades, dentre elas a Raiva, especialente pelos morcegos de hábitos hematófagos, que desempenham, importante papel como reservatórios e agentes transmissores do vírus que causa essa doença. O presente trabalho objetivou a identificação e levantamento de abrigos utilizados por morcegos hematófagos (Desmodus rotundus) e um levantamento de espécies de morcegos urbanos, a fim de verificar a presença do vírus da Raiva, detectar a presença de anticorpos antirrábicos e associar os resultados para entender o perfil epidemiológico da Raiva na região de Presidente Prudente. Para isso, o trabalho foi dividido em duas etapas. Na parte rural foi realizado um levantamento de abrigos e a busca ativa nas rodovias da região, sendo todos eles georeferenciados. Foram encontrados 48 abrigos e destes, apenas quatro encontravam-se ativos. Dois abrigos apresentaram somente Desmodus rotundus e outros dois apresentaram compartilhamento, sendo que em um deles se observou a presença das seguintes espécies: D. rotundus, Carollia perspicillata e Chrotopterus auritus e no outro abrigo, D. rotundus e C. perspicillata. Nas colônias onde havia compartilhamento do abrigo entre D. rotundus e outras espécies de morcegos, foi coletado um espécime de cada espécie. Na parte urbana foram selecionados nove pontos de coletas dentro da cidade e um espécime de cada espécie de cada ponto foi coletado. Foram coletados um total de 163 morcegos de 17 espécies, sendo oito delas registradas na área urbana de Presidente Prudente pela primeira vez. Os morcegos capturados foram encaminhados ao Laboratório de Raiva de Presidente Prudente, onde foram coletadas amostras de sangue, sendo posteriormente anestesiados e eutanasiados. Amostras de tecido cerebral foram submetidas aos testes de imunofluorescência direta e cultivo celular. Todas as amostras foram 100% negativas. Anticorpos séricos foram mensurados, apresentando uma variação de 0,07Ul/mL a 0,87 Ul/mL. Foi realizada a pesquisa de Lyssavirus na gordura marrom. Entretanto, somente um morcego da espécie Phyllostomus discolor, apresentou resultado positivo, cujo sequenciamento mostrou ser a variante AGV2, sendo este o primeiro relato no Brasil . O presente trabalho contribui para a prevenção, proteção e promoção à saúde pública por meio da vigilância que se fez por meio do monitoramento da circulação do vírus na região estudada.