Os contos de Aia de Margareth Atwood (1985) é uma crítica feminista futurista que usa da sátira para apresentar o “perigo” que o feminismo radical pode causar ao fornecer elementos para o extremismo do patriarcado se apropriar da luta feminista, como aconteceu com a sociedade gileadana. A essência da desigualdade é a noção misantrópica misógina no caso das mulheres - de que algumas são intrinsecamente mais dignas do que outras, portanto, justamente pertencem acima de eles, por causa do grupo do qual eles são (ou são percebidos como) um membro. A substância de cada desigualdade, daí o domínio em que opera como hierarquia, é distinta para cada um, mas é a hierarquia que a torna uma desigualdade. A hierarquia de gênero é o sistema social transnacional da masculinidade sobre a feminilidade que torna os homens sobre as mulheres baseados na mentira da superioridade masculina. Inerentemente, a igualdade é relacional e comparativa. A crítica ao sistema patriarcal e ao próprio movimento feminista estabelecido pela autora é uma necessidade para evitar sociedades distópicas como a República de Gilead. Por fim, discute-se também a estratégia adotada de silenciamento do outro, dentro da perspectiva de David Le Breton (1997).