Tornar-se mulher negra: escrita de si em um espaço interseccional

Abstract

Resumo: No artigo visa-se à compreensão de como se articula e quais os efeitos do processo de subjetivação identitário produzido por mulheres negras contemporâneas que narram suas experiências de vida no blog Blogueiras Negras. Para o estudo foram selecionadas narrativas autobiográficas publicadas neste espaço interseccional. A análise parte de algumas chaves de leitura fornecidas por Michel Foucault e de outros(as) autores(as) que se agregam ao pensamento pós-estruturalista. O movimento de tornar-se mulher negra evidencia processos de sujeição e subjetivação que ocorrem através de um trabalho de si que é ético e político. A partir de sua identificação com a negritude e com o Feminismo Negro, as autoras estabelecem outras formas de relacionar-se consigo e com os outros (negras/os e brancas/os), o que vem produzindo novos contornos às relações étnico-raciais brasileiras.

Crise dentro da crise: a pandemia da violência de gênero

“…Nas redes, de forma mais evidente na última década, mulheres negras passaram a garantir o debate de pautas específicas do feminismo negro, enfocando também relações de classe, e contribuindo para dar voz a essas mulheres (Weschenfelder & Fabris, 2019). Para Figueiredo (2020: 4), "essas mudanças formaram o amálgama necessário para eclodir um movimento de mulheres negras, plural e diverso".…”