“…Para Schmidt, esse repúdio seria um modo estratégico de controlar o campo literário a partir da conceitualização de literatura, definida, essencialmente, como palco das relações de poder, no qual ocorre a legitimação do aparato inseparável das elites culturais -o saber/poder -, resultando na assimilação do ponto de vista de classe, gênero e raça dominantes por parte da comunidade interpretativa. A evidência e o acesso às obras de autoria feminina no universo acadêmico não apenas contagiam o status da história cultural e literária, fazendo com que se possa questionar a hegemonia da literatura tradicional canônica, mas também problematizam a exclusão dessas vozes e representações no processo de constituição da identidade nacional brasileira, do ponto de vista da diferença de gênero, classe social e raça (SCHMIDT, 2011) Edward Said (1990), crítico literário palestino, destaca o fato de que os estudos feministas (assim como os anti-imperialistas ou étnicos) proporcionam a desarticulação da perspectiva quando o ponto inicial de suas análises está centrado no direito de grupos marginalizados de se expressarem e de se representarem nos domínios políticos e intelectuais, dos quais normalmente são excluídos, e que usurpam suas funções de significação e representação, assim como falseiam suas realidades históricas. 10 Além disso, de modo mais específico, busca-se analisar e problematizar como é retratada a própria mulher afro-brasileira.…”