Este estudo evidencia as relações sociais e de trabalho entre os forros engajados nos serviços domésticos, seus ex-proprietários e os demais trabalhadores das famílias recifenses oitocentistas. Essas relações sofreram influências das diferentes conjunturas advindas da política emancipacionista do Estado imperial e da crise do escravismo na segunda metade do século XIX. Fundamentadas no paternalismo, elas produziam libertos dependentes e continuavam a exploração e o controle, tradicionalmente ligados ao trabalho escravo, sobre os mesmos. Por outro lado, essas relações não eram apenas ditadas pelo paternalismo e peladomesticidade. Criadas e amas, em especial as forras e livres, conseguiam gozar de mais e menos autonomia e inseriam-se na lógica contratual do trabalho, inclusive demandando judicialmente o pagamento de salários não pagos.