A violência obstétrica afeta 1 a cada 4 mulheres brasileiras, conforme a Agência Nacional de Saúde. Ao considerar o número de práticas de violência no pré-natal, parto e puerpério, este artigo teve como objetivo investigar as violências obstétricas vivenciadas e relatadas por mulheres no documentário “O Renascimento do Parto I”, produzido em 2013, dirigido por Eduardo Chauvet, cineasta, e Érica de Paula, psicóloga. Considerado um marco na luta contra a violência obstétrica no Brasil, tal documentário traz depoimentos de mulheres em relação as suas vivências na gestação. Diante disso, como metodologia, realizou-se análise fílmica, tendo como método a análise de discurso, realizada a partir de categorias de análise elegidas a partir da narrativas destas mulheres, tais quais: falta de informação e indução à cesárea, violência psicológica como violência obstétrica, procedimentos invasivos e prejuízos na relação mãe-bebê. Como resultados, apresentou-se que a realidade da violência, ocasionada pela falta de informação e condução mercadológica de práticas de saúde, contradiz a cultura que romantiza a maternidade, a gestação e o parto; ofertando um ambiente, serviços e políticas que colocam as mulheres em situação de desamparo e violência, logo, afetando sua saúde mental. Conclui-se que a forma que se aborda o nascimento está relacionado ao projeto de sociedade e, portanto, há a necessidade de reformulação de políticas para assistência pré-natal e do parto, sendo importante o protagonismo de mulheres, intervenções psicoeducacionais aos genitores, não obstante, é necessário também o entrelace dos estudos de gênero e feministas aos estudos e práticas de saúde.