Desejo na biopolítica do agora: performatividades escalares em um aplicativo de encontros homoafetivos

Abstract

RESUMO Com base na biopolítica do agora - um processo que envolve tanto a reocidentalização do mundo como a estabilidade dinâmica contemporânea - e em uma ideologia linguística performativa, este artigo relata uma etnografia da mobilidade em um aplicativo para encontros homoafetivos. Analisam-se performatividades escalares interseccionais de gênero, sexualidade e raça. São usados também os construtos teórico-analíticos de indexicalidade e escalas, que operam na compreensão de como os corpos são semiotizados no aplicativo. São focalizadas duas entrevistas etnográficas com dois participantes. Apesar da miríade de corpos e desejos semiotizados em uma dimensão acelerada, a matriz de inteligibilidade para os corpos de homens homoeróticos racializados em operação chama atenção para dois processos de projeções escalares. Esses remetem à reocidentalização do mundo tanto em relação a performatividades de masculinidade hegemônica como a performatividades racistas antinegros. Evoco a necessidade de pensar uma futuridade alternativa política radical em conjunto com uma visão crítica da biopolítica do agora.

Language as Hope

“…The second limit has to do with focus: "If we only privilege the analysis of practices of social control, ideological domination, discursive hegemony, sociolinguistic orders or dominant ideologies, we block our perception, and even our own imagination, to those voices that act for change" (p. 75). Bonnin's conclusion resonates with similar ones in studies on agency, resistance, and hope (e.g., Awayed-Bishara, 2021;Charalambous, Charalambous, Zembylas, & Theodorou, 2020;Milani, 2022;Mahmood, 2001Mahmood, , 2005Moita Lopes, 2020;, as well as our own perception of the agentive, non-melancholic, and proactive stance of faveladas/os when faced with the dynamics of social domination. In this regard, Mattingly's (2010) words about the frictional interplay of structure and agency are as critical as they are blunt: "Reality needs to be exposed as a space of possibility and not only of imprisonment or structural reproduction.…”