Hemólise interfere na mensuração dos biomarcadores plasmáticos de estresse oxidativo em cães

Abstract

RESUMO Considerando que, entre todas as fontes de erro analítico, a hemólise é a mais importante na rotina laboratorial, o presente estudo teve como objetivo investigar o efeito da hemólise in vitro sobre os principais biomarcadores plasmáticos de estresse oxidativo mensurados (BPEO) de cães. Para tal, amostras de sangue total de 19 cães clinicamente saudáveis foram hemolisadas em diferentes graus por ação mecânica. Amostras controle contendo baixa concentração de hemoglobina (Hb) no plasma foram comparadas com quatro graus de hemólise (<0,36; 0,36-0,60; 0,61-1,0; 1,1-4g/L Hb). Imediatamente após a hemólise, foram mensuradas as concentrações plasmáticas de ácido úrico (AU), albumina, bilirrubina, gamaglutamiltransferase (GGT), capacidade antioxidante total (TAC) e concentração de oxidante total (TOC). Os erros relativos causados pelos diferentes graus de hemólises foram calculados e confrontados com o erro total aceitável (ETA) e com o limite de erro permitido (LEP) empregados nos programas de controle de qualidade de exames laboratoriais. Foi observado que mesmo pequeno grau de hemólise gera algum erro analítico não aceitável (ETA e/ou LEP) nos BPEO mensurados, exceto na bilirrubina. Foi possível concluir que a hemólise é um fator limitante para avaliação do estresse oxidativo sistêmico mensurado no plasma, podendo causar erros que potencialmente comprometem o diagnóstico clínico.

Hemolysis in blood samples

“…The tests conducted in the Veterinary Clinical Analysis laboratory included serum determination of total proteins, albumin, alanine aminotransferase (ALT), aspartate aminotransferase (AST), alkaline phosphatase (ALP), gamma-glutamyl transferase (GGT), creatinine and urea. Based on the biochemical results, animals were divided into three groups according to the degree of hemolysis observed in the serum: mild hemolysis (HD); moderate hemolysis A hemólise é um fator limitante nas análises bioquímicas do sangue, sendo capaz de gerar falhas que afetam a determinação do diagnóstico clínico (Morais et al, 2018). Dessa maneira, o objetivo do presente estudo consistiu em analisar a interferência da hemólise no perfil bioquímico de cães e gatos, diante da rotina clínica-cirúrgica de atendimentos da SUHVU, no período de 2020 a 2022.…”

“…A Sociedade Brasileira de Patologia Clínica (SBPC, 2010) relata que uma pequena concentração de hemoglobina já causa alteração nos exames bioquímicos, mesmo sem ser observada a olho nu. A hemólise em pequenas quantidades no plasma também produz algum erro analítico não aceitável na bioquímica de marcadores do estresse como o ácido úrico, albumina e GGT (Morais et al, 2018). Contrariamente, já foi demonstrado que amostras com graus hemolíticos moderados e leves não influenciaram os resultados dos bioquímicos avaliados (Freitas et al, 2018) Essa influência da hemólise é causada pela alteração da coloração em metodologias que empregam a espectrofotometria.…”

Hematological profile of dogs and cats destined for castration in the municipality of Mineiros, GO

“…Foram encontrados dois (1,18%) hemogramas com características de hemólise, sendo ambos (1,92%) em cães. A hemólise pode ocorrer principalmente devido à erros na colheita sanguínea, armazenamento inadequado da amostra, homogeneização violenta, calor e doenças imunomediadas (Morais et al, 2018;Nelson & Couto, 2015). Duas (1,16%) amostras lipêmicas foram identificadas, sendo ambas (1,92%) em cães.…”

Avaliação Da Interferência De Diferentes Métodos De Colheita De Sangue Venoso Nas Análises Laboratoriais De Equinos

“…Dentre os exames mais pesquisados destacam-se hemograma, dosagens de albumina sérica, glicose sanguínea, enzimas creatinoquinase, aspartato aminotransferase e desidrogenase lática, alguns minerais, além de bilirrubinas, gamaglutamil transferase, ureia, creatinina, colesterol total, triglicérides, proteína total, fosfatase alcalina, lactato sérico e fibrinogênio (OLIVEIRA et al, 2016;MELO et al, 2013;CORRÊA, et al, 2010;MARTINS-FILHO et al, 2007;BENESI, et al, 2006). Na medicina, demonstrou-se a interferência de diferentes métodos de colheita de sangue venoso nos resultados de exames laboratoriais (MORAIS et al, 2018;BASTOS et al, 2010;SOWEMIMO-COCKER, 2002). Variáveis pré-analíticas relacionadas à incorreta homogeneização, centrifugação (LIPPI et al, 2011), ao tempo até o processamento e armazenamento devem ser consideradas, por alterarem a estabilidade da amostra (OLIVEIRA et al, 2016) e por contribuirem para a lise eritrocitária (LIPPI et al, 2011).…”