O novo espírito do assalariamento e os dispositivos de remuneração do trabalho

Abstract

Resumo Nesta resenha, reconstruo o argumento da autora e teço algumas considerações críticas, com foco especial nas diferenças conceituais entre a obra resenhada e a proposta de Luc Boltanski e Ève Chiapello.1

Sobre a legitimação do trabalho precário: autonomia e justiça como categorias de engajamento

“…Para isso, temos como lastro empírico os resultados de uma pesquisa realizada com uma categoria representativa dessa tensão, os vendedores comissionistas do comércio varejista (Magaldi, 2022). Com foco principalmente na lógica competitiva e meritocrática geralmente destacada nas poucas análises existentes sobre essa ocupação (Trópia, 1994;Dutra, 2012), a seguinte questão guia a reflexão: quais os critérios de justiça distributiva "acoplados" ao cotidiano desses trabalhadores, e que legitimam o engajamento subjetivo nesse trabalho?…”

“…Para a reflexão sobre os critérios de justiça que organizam a atividade desses trabalhadores, é preciso, então, entender o processo de trabalho no qual estão inseridos e, particularmente para os fins de nosso argumento, a dinâmica de sua remuneração. O trabalho dos vendedores comissionistas, ontem (Costa Pinto, 1954;Trópia, 1994) como hoje (Magaldi, 2022), consiste basicamente em receber os clientes, ouvir suas demandas, e, baseadas nelas, vender o máximo de produtos possível no estoque da loja -neles incluídos os "papéis", produtos imateriais como garantia estendida, seguros de roubo e de vida, planos de assistência doméstica etc. Com essas interações cotidianas, os vendedores não só garantem seu salário no presente, mas também sua continuidade no futuro, visto que parte importante do trabalho do vendedor é justamente a "fidelização" do cliente, que lhe permite reduzir a instabilidade da remuneração comissionada.…”