Prevenção de incapacidade física por hanseníase no Brasil: análise histórica

Abstract

Resumo As orientações para prevenção de incapacidades físicas por hanseníase vêm ganhando destaque no controle da doença para além da poliquimioterapia. O objetivo deste artigo é descrever as mudanças, de forma cronológica, nas orientações técnicas para prevenção das incapacidades físicas por hanseníase no Brasil. Trata-se de relato histórico baseado em documentos oficiais dos órgãos de saúde brasileiros. Foram incluídos todos os decretos, portarias e manuais que fizeram menção à prevenção de incapacidades, publicados entre 1962 e 2016. Os documentos estabeleceram os critérios clínicos, técnicos, assistenciais, emocionais e sociais, de direcionamento das ações de prevenção nas instituições de saúde. As publicações foram coordenadas pelo Ministério da Saúde e adequadas ao longo dos anos sob o ponto de vista conceitual, político, estratégico e assistencial. As orientações abrangeram, principalmente, as atividades de avaliação neurológica e do grau de incapacidade física, técnicas de prevenção de incapacidades e autocuidado. As incapacidades físicas refletem a qualidade do acesso ao diagnóstico, do acompanhamento dos casos durante o tratamento e pós-alta por cura. Os serviços de saúde deverão ser organizados não apenas para o diagnóstico e oferta da poliquimioterapia, mas para todos os aspectos que envolvem a doença.

Avaliação do conhecimento de agentes comunitários de saúde acerca da hanseníase em um município hiperendêmico

“…Em relação a busca, foram evidenciados conhecimentos insatisfatórios dos participantes, principalmente em relação as medidas de controle dos contatos e busca ativa. Pesquisa em Teresina-PI para verificar a atuação dos ACS na prevenção e controle da hanseníase identificou que as medidas de prevenção mais citadas pelos participantes foram o encaminhamento dos suspeitos para as unidades básicas de saúde e avaliação da necessidade da vacina Bacilo de Calmette e Guérin (BCG) (18). Destaca-se, portanto, que estas atividades fazem parte da busca ativa, atividade indispensável para a vigilância em saúde.…”

“…A hanseníase tem cura, todavia, se não diagnosticada e tratada precocemente pode trazer graves impactos para os pacientes e seus familiares, pelas sequelas que, na maioria das vezes, evoluem para incapacidades físicas. A incapacidade não se resume apenas a disfunção física, engloba limitações de atividades, preconceitos, discriminação, e restrição à participação social dos indivíduos (18,20).…”

The effectiveness of early diagnostic tools for neural lesions in leprosy An observational cohort study

“…The degree of physical disability was an innovative measure to gradually quantify physical disability in an index, but with the increasingly early diagnosis of neural damage, it was necessary to improve the assessment instruments. Due to the change in the profile of patients today, these instruments need to be more sensitive to subtle changes that neurological changes show us over the course of the disease, so SNA is more sensitive in detecting neurological changes and their influences on socioeconomic and emotional aspects [28] .…”

Impacto no cotidiano das pessoas com a manifestação de hanseníase na região de cabeça e pescoço

“…Além do sofrimento causado pelo estigma da doença, as deformidades e incapacidades físicas também trazem grande impacto psicossocial. Limitações que impactam na qualidade de vida das pessoas atingidas por essa doença (Santos & Ignotti, 2020 As pessoas com hanseníase sofrem mais restrições profissionais, principalmente aquelas que possuem baixa qualificação, possuindo mais chances de ficarem sem emprego, o que as leva, portanto, a esconderem a existência da doença no intuito de evitarem problemas financeiros que podem inclusive dificultar a realização do tratamento da doença (Silva et al, 2020).…”