Neste artigo, dividido em três partes, pretendemos especular sobre os conflitos entre as noções de gêneros textuais/ literários e gêneros sexuais a partir do texto A lei do gênero (DERRIDA, 2019) e das políticas do corpo pensadas por alguns segmentos da crítica literária. Para tanto, traçamos um paralelo entre o "falatório" de Stela do Patrocínio, transcrito no Reino dos Bichos e dos Animais é o meu nome (2001), e os escritos de Tatiana Nascimento, em 07 notas sobre o apocalipse ou poemas para o fim do mundo (2019a) e Cuírlombismo literário (2019b). Tais textos nos servem como meios reflexivos para debatermos o lugar dessa Estranha Instituição chamada Literatura (DERRIDA, 2014), espaço que não é apenas de libertação, mas também de reprodução de estereótipos, como demonstram os estudos realizados pela pesquisadora Regina Dalcastagnè (2012, 2018) sobre a crítica brasileira contemporânea e a produção literária. Ressaltamos, portanto, em consonância com As ferramentas do senhor nunca derrubarão a casa-grande (LORDE, 2019) e em diálogo com bell hooks (2019), a necessidade de pensar novos modos para o discurso da crítica literária que atuem a partir da compreensão de elementos como raça, classe e gênero.