“…reconhecimento do ambiente escolar como espaço privilegiado para a realização de um trabalho pedagógico que possibilite o respeito e a valorização da diversidade étnico-racial, ao mesmo tempo que construa sensibilidades e estratégias de enfrentamento das desigualdades raciais.TantoGomes (2012) quantoCavalleiro (2001) defendem que o empreendimento de uma educação antirracista não deve significar necessariamenteou simplesmenteincluir uma nova disciplina nos currículos escolares, mas deve implicar uma mudança cultural e política no campo curricular e na organização dos tempos e espaços escolares, que só poderá acontecer a partir de uma reflexão profunda sobre o modo como os sujeitos da escola agem e pensam a diversidade que compõe tanto o espaço escolar quanto a sociedade.Para outra importante intelectual negra, Petronilha Silva, educação antirracista deve estar focada na aprendizagem e ensino das africanidades brasileiras, ou seja, nas raízes da cultura brasileira que têm origem no continente africano. Assim, uma educação antirracista, segundo a autora, estaria preocupada em trazer para o contexto educacional os modos de ser, de viver, de organizar suas lutas, próprios dos negros brasileiros, assim como as marcas da cultura africana que fazem parte do cotidiano de vários brasileiros, independentemente de sua origem étnica(SILVA, 2005).Discorrendo sobre as novas abordagens e conteúdos vinculados à História da África, em uma perspectiva de conhecimento descolonizador, Kambundo e Santos (2015) lembram que o primeiro ponto a ser problematizado é o mito eurocêntrico da não historicidade africana, base de toda a desigualdade perpetrada no continente africano e em seus descendentes vivendo na diáspora. Outra estratégia de conhecimento decolonial consiste no estudo da África a partir da pluralidade de fontes históricas existentes, desconstruindo a ideia equivocada de primazia da fonte escrita sobre a fonte oral.…”