Nos últimos tempos, a reflexão sociológica sobre as crianças tem vivido um considerável desenvolvimento, dando origem a uma nova área de especialização: a Sociologia da Infância. Tendo isso em atenção, determinadas abordagens têm se apressado em afirmar que essa incipiente área já atingiu a maturação requerida para o seu completo estabelecimento intelectual, estando consolidada como campo científico. O presente trabalho refuta essa tese, considerando, por exemplo, os aportes de Pierre Bourdieu a respeito do modus operandi do campo científico. Assim, é apresentada uma dupla hipótese a respeito dos estudos contemporâneos sobre a infância, isto é: 1) há uma dificuldade de a Sociologia da Infância se consolidar como campo científico; 2) essa dificuldade decorre, em parte, das particularidades internas desse incipiente campo, a exemplo dos percalços da sua estruturação e das perspectivas de abordagem concorrentes em seu interior. Busca-se averiguar essa hipótese realizando-se uma revisão da literatura sociológica sobre a infância produzida em língua portuguesa, inglesa, francesa e espanhola. Como resultado, infere-se a comprovação da hipótese e, entre as considerações conclusivas, é afirmado que, só a partir de uma sociologia reflexiva, se pode procurar fazer com que o sociólogo da infância evite os erros que debilitam o campo científico que ele pretende construir.