Neste artigo, problematizamos a premissa que sustenta a reforma do Ensino Médio, que ficou popularmente conhecida como Novo Ensino Médio, de que os jovens serão mais bem preparados para o mercado de trabalho tendo em vista que eles podem escolher o seu percurso de formação baseado em sua aptidão, em sua vocação e nas demandas profissionais. Para tanto, refletimos as ideias de flexibilidade, de autonomia, de mercadorização que estão implicadas em peças publicitárias que promovem o Novo Ensino Médio. As propagandas e os textos analisados são de organizações ligadas a grandes grupos empresariais e financeiros brasileiros, como o banco Itaú, o Sesi, o Senac, o Sebrae, a Fiesp, o Grupo Globo, o Itaú Social e a Fundação Bradesco. Com base nos preceitos da Pedagogia dos Multiletramentos (NLG, 2021) de diversidade de práticas culturais e linguísticas, analisamos as possibilidades de trabalho teórico-metodológico com os multiletramentos, referendados na Base Nacional Comum Curricular do Ensino Médio, a partir de um letramento crítico de abordagem autêntica (KALANTZIS, COPE e PINHEIRO, 2020) que reflete não apenas as práticas emergentes e contemporâneas demandadas pelo mercado de trabalho, mas sobretudo a exclusão, nos itinerários formativos, de uma formação cidadã e reflexiva sobre política, economia, educação e cultura.