Preconceito e bullying: marcas da regressão psíquica socialmente induzida

Abstract

Resumo Os objetivos da pesquisa a ser relatada, baseada nos estudos da teoria crítica da sociedade, são: distinguir formas de violência escolar - o bullying e o preconceito - e relacioná-las com tipos de personalidade. Foram utilizadas escalas que detectam o sadomasoquismo, o narcisismo, a manifestação de preconceitos e o bullying. Tais escalas foram aplicadas a 161 universitários paulistanos, com as hipóteses de que bullying e preconceito têm relação significante, mas não plena; que a manifestação de preconceito está associada com características de personalidades sadomasoquistas e narcisistas, e que a autoria do bullying está mais relacionada com características de personalidade narcisista; o que sofre o bullying, por sua vez, não estaria associado com nenhum tipo das características de personalidade avaliadas. Essas hipóteses foram confirmadas, o que, dentro do referencial teórico utilizado, fortalece a análise de que se o progresso social como fim em si mesmo aperfeiçoa a sociedade, ao mesmo tempo leva os indivíduos a regredirem psiquicamente.

Autores e alvos da agressão: um estudo da violência escolar em escolas públicas e particulares de Campo Grande/MS

“…Em um estudo de Crochík (2019), proveniente da análise de escritos de outros pesquisadores, como Cano-Echeverri e Vargas-Gonzalez, Chaves e Souza, entre outros, foram identificadas as seguintes características indicativas das atitudes dos autores de agressão: 1-possuem dificuldades de se orientar por limites e extravasam sua agressividade sem motivo aparente, quando podem; 2-denotam estar em um estágio de desenvolvimento regredido psicologicamente, ao não conterem seus impulsos; 3-procuram o reconhecimento de seus colegas quer por medo ou por admiração; 4-há indicações de que têm dificuldades para lidar com desafios de ordem interpessoal, e que, dentre outras habilidades sociais, a melhoria da empatia pode reduzir as agressões praticadas; 5-procuram seus alvos para dar vazão a impulsos destrutivos com a finalidade de desestruturá-los física e psiquicamente; 6procuram a destruição da vontade do outro para se sobressaírem em um grupo no qual não se sentem valorizados; 7-possuem dificuldades no estabelecimento de relações interpessoais, ainda que menos do que suas vítimas, bem como denotam inseguranças e disposições violentas pelas quais tentam dominar os demais e chamar a atenção; 8ausência de preocupação com o que sentem suas vítimas e a falta de compaixão e de remorso.…”

“…Todavia, tal qual a violência denunciada por Goya, o estudo do fenômeno do bullying, tipo de violência presente nas escolas, propicia elementos para a compreensão das contradições sociais, da desrazão que tem feito parte da história da vida humana e das implicações no processo de formação e de educação do indivíduo. Crochík (2019), a partir de estudos de Cano-Echeverri e Vargas-Gonzalez; Chaves e Souza; Fante; Pinheiro e Willians, sublinha que o bullying escolar tem sido conceituado como hostilidade de um estudante mais forte ou mais velho, ou grupo de estudantes, com frequência e intencionalmente, dirigida a um mesmo estudante, que não consegue reagir de modo suficiente para evitar a agressão, o que pode gerar várias consequências em quem sofre, desde uma acentuada angústia até o suicídio ou assassinato. O autor destaca que os sujeitos envolvidos -professores, alunos e pais -possuem dificuldades de distinguir entre bullying e mau trato e por isso conjecturam que a presença do fenômeno deva ser maior do que a verificada (CROCHÍK, 2012), bem como evidencia que o bullying difere de outros modos de agressão porque é repetido sistematicamente nas relações interpessoais, com assimetria de poder entre vítima e agressor (CROCHÍK, 2019).…”

Elementos da violência homofóbica

“…Conforme a literatura cientifica tem mencionado (CROCHICK, 2015;CROCHICK, 2019) a violência escolar pode ocorrer pelo preconceito ou pelo bullying. Há, também, diferenças entre essas duas formas de violência: no preconceito, o alvo da violência é delimitado, enquanto que no bullying, o alvo é menos delimitado, isso quer dizer que, o preconceito ocorre em relação a grupos socialmente discriminados (negros, a população…”

“…O tipo manipulador, para enfrentar os "perigos" da realidade externa, os reduzem a objetos e, devido a seu ego enfraquecido e libidinizado, transforma o meio em fim, de forma a alcançar seus objetivos; o tipo manipulador remete a um indivíduo superficial e vazio. Em estudos recentes, Crochick (2019) relata que há maior correlação entre a prática do bullying com as características de personalidade narcisista, ao passo que as características da personalidade sadomasoquista e narcisistas correlacionam com o preconceito. Contudo, afirma o autor, essa distinção não é plena, o que nos leva a pensar na prática do bullying que ocorre por motivações homofóbicas.…”

“…Sendo assim, esse indivíduo que age segundo seus interesses e impulsos, que não possui percepção real do mundo e das pessoas, configura-se no espectro de um sujeito agressor contra os indivíduos homossexuais na escola. Para as pretensões desse trabalho, este sujeito será tomado como norteador para as reflexões propostas.Com o objetivo de distinguir as formas de violência escolar, preconceito ou bullying, e os tipos de personalidade,Crochick (2019) elaborou um estudo, no qual, foram aplicadas as escalas que detectam o narcisismo, o sadomasoquismo, a manifestação de preconceitos e o bullying; foi guiado pelas hipóteses de que: o bullying e o preconceito possuem relação significante, contudo essa relação não é plena; que a manifestação de preconceitos é influenciada por características da personalidade sadomasoquista e narcisista; que as características da personalidade narcisista se relaciona com o agressor nos casos de bullying, enquanto que a vítima dessa violência não possui nenhuma característica das personalidades avaliadas. Participaram dessa pesquisa 161 estudantes de uma universidade pública de São Paulo.…”