Dez anos dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf): problematizando alguns desafios

Abstract

A Atenção Básica (AB) ganhou destaque na década de 90 do século passado, em um processo que passou pela criação do Programa de Agentes Comunitários de Saúde (Pacs), em 1991, pelo Programa de Saúde da Família (PSF), em 1994, reordenados com a Estratégia Saúde da Família (ESF), em 1996. Considerada não apenas um novo modo de organização da AB, mas também um mecanismo de reorientação do modelo assistencial 1 , a ESF se expandiu no País ao longo das últimas décadas, materializando-se por meio das Equipes de Saúde da Família (EqSF), compostas por médicos, enfermeiros, técnicos de enfermagem e agentes comunitários de saúde (com agregações e ajustes nessa composição ao longo do tempo, como as equipes de saúde bucal). A ESF passou a ser a principal modalidade de AB induzida (inclusive financeiramente) no Sistema Único de Saúde (SUS) a partir de recursos federais, agregando novas lógicas e mecanismos de funcionamento, a exemplo do Piso de Atenção Básica (PAB) Fixo (per capita) e do PAB Variável (por adesão a estratégias), operados por meio de transferências diretas do Fundo Nacional de Saúde para os Fundos Municipais de Saúde. A sua implantação se deu de maneira progressiva, com destaque inicial para os municípios menores, mais pobres e da região Nordeste, depois expandindo-se também nas grandes cidades 2 e constituindo-se em uma das principais evidências do grau de descentralização que o SUS assumiu 3. Esse processo, em que pese o êxito da ampliação de cobertura da ESF e seus efeitos no acesso e em indicadores de saúde da população 4 , também foi alvo de críticas, em função de questões como, por exemplo, o caráter seletivo e simplificado de uma atenção primária focalizada (sobretudo nos anos 1990), a não integração a uma rede de serviços, a não valorização do tema dos cuidados clínicos e individuais, a alta normatividade, bem como as próprias condições materiais de implantação das EqSF 5. Em 2008, 14 anos após a criação da ESF e intenso processo de discussões e negociações no âmbito federal, foram criados os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (Nasf), sob influência de algumas experiências municipais, de formulações no campo da saúde coletiva e de

Processo educativo do núcleo ampliado de saúde da família na atenção à hipertensão e diabetes

“…Esses fatores também influenciam na atuação dos profissionais do NASF-AB, visto que eles podem se sentir pressionados para a realização do atendimento clínico direto com o usuário, que tem a expectativa de ser atendido individualmente por essas categorias profissionais, como um modelo assistencial ambulatorial (Melo et al, 2018).…”

Análise da incorporação de ferramentas para o apoio matricial em um programa de residência multiprofissional em saúde.

“…Outros estudos consideram que a interdisciplinaridade e o trabalho na rede de atenção à saúde ainda precisam ser inseridos na rotina dos gestores e das equipes de saúde, bem como a implantação de novas estratégias para promover articulações efetivas entre as instituições sociais do território precisa ser estimulada (Barroz et al, 2015;Melo et al, 2018).…”

“…A partir do ano de 2003 o apoio matricial foi incorporado em importantes políticas públicas do Ministério da Saúde (MS) para o SUS. No ano de 2008, esse método ganhou força no âmbito da AB com a criação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), definidos como equipes de apoio que contribuiriam para o aumento da eficácia das intervenções e resolutividade da AB, por meio de uma lógica de trabalho interdisciplinar, modificando a rotina tradicional de encaminhamentos Melo, Miranda, Silva & Limeira, 2018).…”

Characteristics and performance of professionals of the Expanded Family Health and Basic Healthcare Centers

“…The new National Primary Healthcare Policy (PNAB -Política Nacional de Atenção Básica) did not bring about major structural changes in the Nasf-AB, but changed its nomenclature, as it was previously called the Family Health Support Center (NASF). Withdrawing the term support left doubts as to the matrix logic, besides the fact of expanding the responsibility of the Center for the so-called traditional PH (eAB) teams (1,15) . However, the normative trajectory of Nasf is not automatically reflected in the different local realities of the Brazilian territory, so much so that the new proposition has not yet been fully assumed in some municipalities of SC state that were part of this study.…”

“…However, the normative trajectory of Nasf is not automatically reflected in the different local realities of the Brazilian territory, so much so that the new proposition has not yet been fully assumed in some municipalities of SC state that were part of this study. For some authors, the change in PNAB leaves doubts for managers as to the place occupied by matrix support after 10 years of the Centers (15) . From this contextualization, the question is: how are the professionals who work in the Nasf-AB in SC characterized, and how do they work in the context of PHC?…”