Agradecemos à Rotava et al. 1 pelos comentários sobre o artigo Avaliação das Ações de Controle do Câncer de Colo do Útero no Brasil e Regiões a partir dos Dados Registrados no Sistema Único de Saúde, publicado em CSP 2 . Gostaríamos de tecer alguns esclarecimentos sobre esses comentários. Nosso estudo teve como objetivo analisar a realização de exames de rastreamento e diagnóstico para o câncer de colo do útero entre mulheres de 25 a 64 anos, bem como investigar o atraso para o início do rastreamento no Brasil e grandes regiões no período de 2013 a 2020.Na análise realizada, destacamos que a queda na cobertura do rastreamento e o seguimento inadequado de mulheres com resultados alterados indicam a necessidade de aprimorar as estratégias de detecção precoce da doença e estabelecer mecanismos de avaliação e monitoramento constante das ações.O artigo considera que o rastreamento para o câncer de colo do útero, iniciado no final da década de 1990 no Brasil, com base no teste de Papanicolau, ainda não atingiu o impacto verificado em outros países da América Latina, como é o caso do Chile. Ainda existe grande desigualdade no acesso ao exame e ao tratamento das lesões precursoras ou confirmadas de câncer do colo do útero.O estudo se baseou em dados dos sistemas de informações do Sistema Único de Saúde (SUS) referentes ao rastreamento, diagnóstico e tratamento do câncer do colo do útero e, por esse motivo, não abordamos a prevenção primária, que está relacionada à diminuição do risco de infecção pelo HPV, feita por meio da vacina.Destacamos no artigo que, para a eliminação do câncer do colo do útero até o ano de 2030, a Organização Mundial da Saúde (OMS) estabeleceu como uma de suas metas que 90% das meninas de até 15 anos sejam vacinadas contra o HPV 3 . Reconhecemos, assim, que a vacinação, em conjunto com o exame preventivo ginecológico, se complementam como ações de prevenção do câncer do colo do útero. Contudo, é preciso deixar claro que a vacina terá impacto no futuro para a coorte de meninas vacinadas. Para mulheres já infectadas, a eficácia da vacina é baixa, e não se pode abrir mão ao rastreamento conforme preconizado para a faixa etária de 25 a 64 anos.Além disso, mesmo para as que foram vacinadas na idade indicada no programa, o rastreamento na faixa etária preconizada pelo Ministério da Saúde deve ser realizado, dado que as vacinas disponíveis no momento não protegem contra todos os subtipos oncogênicos do HPV.