O presente estudo teve como objetivo compreender os processos de trabalho da equipe multiprofissional no atendimento de pacientes vítimas de abortamento. Tratou-se de um estudo descritivo, exploratório, com abordagem quanti-qualitativa. O qual foi desenvolvido a partir de dados documentais disponíveis pela Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará, registrados no período compreendidos entre 01 de janeiro de 2021 a 31 de dezembro de 2022, de pacientes vítimas de abortamento. E, considerando que a pesquisa se tratou da assistência ao abortamento, foram excluídos da pesquisa, registros referentes aos procedimentos realizados para outros fins assistenciais. A coleta de dados foi realizada entre junho e agosto de 2023, por meio de um formulário desenhado para o estudo. Foram coletados dados de 25 prontuários de pacientes com perfil de vítimas de abortamento, a maior parte das mulheres atendidas por abortamento nos anos de 2021 a 2022, estavam na faixa de idade jovem-adulta, eram solteiras, possuíam raça/cor parda e baixa escolaridade. Mais da metade teve a sua gravidez interrompida antes das 20 semanas de gestação, e de forma espontânea. Em alguns casos foi necessário utilizar outros métodos como o esvaziamento com Prostokos e o método de Krauser, como em casos de aborto legal. Ademais, em quase todos os casos as pacientes foram submetidas ao procedimento de curetagem. Com média de 2-4 dias para que o abortamento fosse efetivado. Mais da metade receberam algum apoio emocional/psicológico, porém a assistência possuiu fragilidades e o serviço ofertado acabou sendo insatisfatório. É importante fortalecer o aprimoramento e qualificação dos profissionais de saúde no cuidado ao processo de abortamento. O tratamento do abortamento, constitui um direito da mulher que deve ser respeitado e garantido pelos serviços de saúde. Assim como, a forma como sua condução deve partir de uma decisão compartilhada entre a mulher e os profissionais de saúde.