Intersetorialidade nas Políticas Públicas

Abstract

E ste número da Revista Serviço Social & Sociedade vem a público em um momento especialmente importante para tratarmos de questões relativas à proteção social e à intersetorialidade. Torna-se um imperativo ético dar visibilidade à nova morfologia do capitalismo, que em seu estágio financeiro avançado cria novas modalidades e dominação que repercutem em todas as esferas da vida, com fortes expressões até mesmo em nossa subjetividade.Na interpretação de Pierre Dardot e Christian Laval, da Universidade Paris-Ouest-Nanterre-La Défense, grandes estudiosos dessa temática, estamos diante de uma nova racionalidade onde predomina a razão neoliberal (2016, p. 189). Essa é a nova razão do mundo, a razão do capitalismo contemporâneo que se faz acompanhar de uma noção de liberdade neoliberal, extraída da concorrência mercantil, que penetra em todas as tramas do tecido social. O Estado, na visão dos autores, torna--se um ente horizontal, em situação de competição com todos os outros agentes econômicos privados, desobrigando-se da oferta de políticas públicas efetivamente universais (2016, p. 197-201).

Desenvolvimento e validação de instrumento para diagnóstico das ações de Educação Alimentar e Nutricional no âmbito escolar

“…Parcerias com instituições que façam manutenção de hortas, apoio da família e de outros voluntários podem ser opções para a viabilização da horta escolar. 33,35 Ainda, buscou-se identificar o uso de outros espaços, fora da escola, como as hortas dos centros de saúde ou comunitárias, sendo inclusive uma opção para minimizar alguns dos problemas já apontados. Este questionamento também pode guardar relação com a seção seguinte do instrumento, pois a oportunidade de estar em outros espaços tende a facilitar a prática intersetorial.…”

“…A inclusão da última seção, Interação de profissionais e familiares com as ações de EAN, foi baseada em referencial teórico, nacional e internacional, que aponta para a importância dessas interações. 20,33,35 A articulação, a intersetorialidade e a complementaridade contribuem para a abordagem ampliada e são de extrema importância em um instrumento que pretende analisar a EAN. O Programa Saúde na Escola (PSE) é um exemplo de intersetorialidade, com a integração e articulação da saúde e educação.…”

“…E por fim, o envolvimento da família no processo de EAN beneficia e estimula à participação social pelas vivências solidárias das atividades coletivas, além de favorecer a ligação entre os ambientes escolares e domésticos. 34,35 Ratificando estas afirmações, também há estudos que apontam a influência positiva do envolvimento da família, tanto para o sucesso das ações, como para os resultados que podem ser gerados. 33…”

(In)Visibilidade da Violência contra a Mulher no Exercício da Odontologia

“…Além disso, a fim de se operar em uma "verdadeira política de combate à violência doméstica", como se refere Saffioti, 21:91 é necessária a colaboração não apenas da área da saúde, mas também de diversos setores da sociedade, a possibilitar condições materiais para que as mulheres consigam se desvencilhar da violência, conferindo caráter intersetorial as práticas de saúde, abrangendo desde o planejamento, controle e execução das políticas públicas, em que os setores se comunicam e atuam em conjunto. 28 A maioria (87,8%) dos cirurgiões-dentistas do presente estudo não realizaram a notificação compulsória frente ao atendimento de vítimas de violência doméstica, o que revela a grande subnotificação desse fenômeno no setor. Além disso, houve menor probabilidade de realização da notificação compulsória entre os atuantes em âmbito privado (ρ=-0,149; p=0,002) (Tabela 1).…”

Colônias de pescadores da região costeira do Estado de São Paulo: empoderamento, saúde e qualidade de vida

“…Enfim, atenção à saúde integral 24 . (p. 64) Contudo, Wanderlley et al 31 nos lembram que o Brasil é constituído por processos, serviços e políticas públicas setorizadas e fragmentadas. Essas características, além de se distanciarem da efetivação da intersetorialidade, colocam o cidadão em situações de duplicidade de registro e de intervenções não dialógicas, que o deixam ainda mais invisível nas demandas, necessidades e direitos.…”