Os estados de reformas defasadas e a questão da desvalorização: a reação da Venezuela aos choques exógenos de 1997-98

Abstract

RESUMO Tendo acabado de completar sua segunda “década perdida” consecutiva, o caso venezuelano confirma que não há atalhos para uma boa gestão política econômica na era de alta mobilidade de capital e fluxos de capital securitizados. A manutenção de uma estratégia cambial atrapalhada triunfou, pelo menos por enquanto, e permitiu que uma coalizão de elite no nível executivo prevalecesse na busca de uma política macroeconômica menos do que ideal. O autor argumenta que a Venezuela evitou uma desvalorização total, do estilo mexicano ou brasileiro, em virtude da capacidade do Banco Central de gerenciar efetivamente a taxa de câmbio. No entanto, esse foi o único bolso da modernização, pois os formuladores de políticas de todo o resto da burocracia do estado rejeitaram os tipos de reformas de mercado que serão necessárias para reverter o desempenho altamente medíocre do país. Embora os altos preços do petróleo desde 1999 tenham proporcionado aos políticos e formuladores de políticas o “luxo” de ser um retardatário da reforma, os líderes venezuelanos parecem determinados a aprender da maneira mais difícil que as tendências internacionais podem voltar a balançar contra eles a qualquer momento.

Venezuelanos/as No Brasil: Acolhimento E Controle – Faces Da Política De Proteção Aos Refugiados

“…Acrescenta-se, que é durante o período denominado "Punto-Fijo" , que se consolida uma nova fase política, que segundo Pedroso ( 2020 Com relação à representação governamental na Venezuela, ao longo do século XX, Léon (2006) ressalta os bons índices de desenvolvimento econômico e social, devido à renda petroleira, tornando-a potência econômica a nível mundial e com a moeda valorizada. Conforme aponta Corrales (2001), Até meados da década de 1970, a Venezuela era considerada o país do milagre. Havia alcançado a industrialização, conquistas trabalhistas e surpreendentes melhorias na qualidade de vida, tudo isso sem apresentar aqueles vícios comuns da América Latina, tais como desequilíbrios macroeconômicos (a inflação e as dívidas estavam baixas), instabilidade política (eram pouco os conflitos de classes e partidos) e autoritarismo (os partidos democráticos alternavam-se no poder sem interrupção) (CORRALES, 2001, p. 575).…”

“…Posto isso, se até meados de 1970, a Venezuela usufruía do milagre econômico por conta da mercantilização petrolífera, o cenário socioeconômico modificava-se expressivamente a partir da década de 1980. A partir desse ano, com a crise capitalista mundial, o país sofreu consecutivas crises econômicas e políticas (que permanecem até os dias atuais), tornando os índices de violência mais altos, e consequentemente impactaram em uma queda perceptível nos índices de desenvolvimento humano e de participação política (LÉON, 2006;NETO, 2002;CORRALES, 2001).…”

“…A instabilidade econômica, tendo como "pano de fundo" o declínio do preço do barril de petróleo, fez com que fossem implementadas consecutivas reformas no plano econômico para contornar os efeitos provocados pela crise. Corrales (2001) caracteriza o padrão das reformas venezuelanas como "start-and-stop", ou seja, "interrompidas e reiniciadas", devido às transições entre os governos, que acabaram por aprofundar ainda mais a crise sociopolítica e econômica vivenciada no país e também por serem mal-administradas. Com relação às reformas econômicas, Vasconcelo e Santos (2021) salientam, [...] Mediadas por inspirações liberais (reestruturação da política de controle de preços-reajustes e liberação; congelamento dos salários de funcionários públicos; privatização de serviços essenciais) que, contraditoriamente, mantinham a forte intervenção do Estado (MENDES, 2010).…”

“…Contudo, é importante considerar que as transformações vivenciadas no plano político, acompanham sem sombra de dúvidas os movimentos tensionados pela crise econômica que assolava o país, anterior à gestão de Chávez. Assim sendo, Corrales (2001) constata que os três choques econômicos na Venezuela foram: 1) a crise financeira internacional, 2) a queda vertiginosa no preço das principais exportações e 3) aumento da incerteza política local.…”