Análise de dois setores no mercado de trabalho: efeitos do Plano Real

Abstract

RESUMO O plano econômico do governo brasileiro denominado “Real” afetou o mercado de trabalho dos setores comercializáveis e não comercializáveis de diferentes maneiras. A política cambial e o processo orientado para o livre mercado adotado provocaram mudanças nos preços relativos em favor do setor não comercializável. Este artigo mostra o aumento da força de trabalho neste setor e uma redução da diferença entre a renda do setor comercializável e não comercializável. Além disso, mostra a melhoria dos indicadores de pobreza da força de trabalho, especialmente aqueles relacionados ao setor informal. Este artigo é baseado em dados do PME-IBGE (região metropolitana de São Paulo, 1994, 1995 e 1996).

Política econômica, dinâmica setorial e a questão ocupacional no Brasil

“…Apesar de largamente difundida, sua utilização torna-se limitada por ser apenas uma "fotografia" da renda em determinado período, que em países como o Brasil pode ser extremamente volátil tanto devido ao fato de que o comportamento dos rendimentos é extremamente "elástico" como também por encobrir diferenças significativas relacionadas ao tipo de ocupação que proporcionam tais fluxos de renda 55 . Não torna possível uma discussão mais ampla sobre o tipo de desenvolvimento econômico e social, já que apenas consideram os indivíduos como "unidades de consumo".…”

“…Não torna possível uma discussão mais ampla sobre o tipo de desenvolvimento econômico e social, já que apenas consideram os indivíduos como "unidades de consumo". Para uma análise mais aprofundada da estratificação social no Brasil, principalmente os motivos pelos quais ela adquire determinada conformação, faz-se necessário levar em conta a estrutura ocupacional, realizando mediações desta com as classes sociais e assim demonstrar que 55 Existe nas bases estatísticas brasileiras uma dificuldade de mensuração dos estoques de renda existentes, havendo subestimação destes. Portanto, as análises de estratificação social acabam por não mensurarem adequadamente os chamados "ricos", ou seja, os que estão no cume e que possuem sua renda derivada (também ou exclusivamente) de juros, dividendos, propriedades, etc., sendo a estratificação social restrita à renda do trabalho e de benefícios correntes como aposentadorias, entre outros.…”